Quem nunca chegou ao fim do ano e fez suas metas para o próximo? Começar a academia, ler mais livros, viajar, encontrar mais os amigos, mudar o visual… O ano novo traz renovo e esperança para muitos, e o mês de janeiro, em especial, tem esse simbolismo de recomeço. Ao observar isso, o psicólogo mineiro Leonardo Abrahão criou, em 2014, o “Janeiro Branco”.
Inspirado em movimentos como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, janeiro tornou-se o momento do ano escolhido para conscientizar a população sobre temas relacionados à saúde mental, além de buscar a promoção do bem-estar emocional.
Com apoio do Governo Federal, a iniciativa também surge com o propósito de quebrar tabus que ainda rondam a sociedade, considerando que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade afeta cerca de 18 milhões de brasileiros, e a depressão aumentou cerca de 25%, desde a pandemia de COVID-19, e, mesmo assim, ainda há muita resistência em discutir essa temática.
Em conversa com A GAZETA, o psicólogo João Auricélio destacou a importância do Janeiro Branco e enfatizou algumas dicas de como essa proposta funciona na prática.
“Eu acho que janeiro traz essa sensação, sabe? É como imaginar um livro em branco, você é uma folha em branco pronta para ser preenchida com as vivências, as metas estabelecidas, e cuidar da saúde mental irá fazer com que você alcance essas metas”, comentou o psicólogo.
Nesse sentido, ressalta ele, a promoção do bem-estar emocional deve estar ligada a uma série de ações, tais como:
Saiba reconhecer seus gatilhos emocionais e, quando necessário, busque ajuda
Saber o que nos afeta e como afeta. Reconhecer nossas “bandeiras vermelhas” é importante para saber quando é necessário buscar por ajuda.
“Quando a pessoa está há um tempo sem dormir, se come muito ou não come quase nada, quando há queda no rendimento, taquicardia por dias, ou o humor rebaixado constantemente, são sinais de alerta e é necessário buscar ajuda emocional”, alerta o psicólogo.
Movimente-se
Fazer exercícios físicos é de suma importância para manter nosso bem-estar. A atividade física, seja ela qual for, libera alguns hormônios no nosso organismo, entre eles a endorfina, que traz a sensação de recompensa.
“Movimente-se, faça corrida, ande de bicicleta, dance, se manter em movimento é muito importante para a saúde mental.”
Celebre suas conquistas
Sermos conscientes com o que podemos alcançar faz com que estabeleçamos metas realistas com prazos coerentes, e torna nossas metas mais palpáveis.
“Seja grato pelas suas conquistas, a literatura nos fala que quando somos gratos pelas nossas conquistas, somos mais felizes.”
Crie um ambiente saudável
O ambiente externo, muitas vezes, não está no nosso controle, mas existem coisas que podemos fazer por nós mesmos.
“Sirva a mesa, mesmo que só para você, as mudanças devem começar no seu interior. Se queremos mudança, cobrar dos demais pode ser frustrante. E também é necessário estabelecer limites saudáveis entre o trabalho e a vida pessoal.”
Faça bom uso das redes sociais
Na nossa sociedade, as redes sociais fazem parte do nosso cotidiano; postar um storie do que está fazendo ou pensando é algo comum para muita gente. Mas, não é a auto promoção que preocupa, e sim a comparação exagerada que essa dinâmica promove. João Auricélio alerta: não se compare! Faça uma pergunta chave: no que isso me acrescenta?
Faça terapia
Mesmo com o cultivo de bons hábitos, a psicoterapia é a principal forma de buscar a saúde mental e realizar mudanças. A atividade promove o autoconhecimento, ajuda a repensar decisões e ter mais sabedoria no cotidiano, melhora os relacionamentos.
“A terapia traz o autoconhecimento, crescimento pessoal, ter alguém que te escute, sem julgamentos, e te aconselhe, profissionalmente, é insubstituível.”
Hoje, em Rio Branco, a forma mais acessível de buscar atendimento psicológico é procurar atendimento com um clínico geral, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que fará o encaminhamento para um psicólogo. Há a opção também das clínicas-escola, nas quais o atendimento é feito por alunos de Psicologia, supervisionados por seus professores.