A reportagem do Fantástico que denuncia o aumento do número de bandas brasileiras de black metal neonazistas, exibida no último domingo, 26, contou com a entrevista do historiador e professor doutor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Wlisses James, que pesquisa a história social do rock pesado no país.
A matéria do telejornal da Globo se baseou em um estudo da ONG Stop Hate Brasil (ou “Chega de Ódio”, em tradução livre), que aponta o crescimento de bandas de heavy metal, ligadas à extrema direita, que propagam discursos de ódio contra negros, judeus, comunidade LGBTQIAPN+ e outras minorias.
Segundo o relatório da ONG, atualmente existem 125 bandas que se apropriam do black metal, um subgênero do heavy metal, e de símbolos e estéticas neonazistas para atacar grupos minoritários. Em 15 anos, o número de conjuntos musicais que se encaixam nesse perfil subiu 177% no Brasil, de acordo com o estudo.
A participação do pesquisador acreano, que aparece aos 6 minutos e 25 segundos da reportagem (assista abaixo), vem para esclarecer que o gênero musical não tem relação com o movimento extremista e que o black metal, como um todo, é contra esse tipo de ideologia violenta.
“Essas bandas e pessoas fazem festivais muito restritos a eles mesmos, e não são bem-vindos em nenhum outro tipo de evento musical que não seja puramente direcionado e organizado por eles”, disse Wlisses, ao Fantástico.
O professor da Ufac foi procurado na sexta-feira, 24, pela equipe do semanário da Globo, por meio do Whatsapp. Anos atrás, o autor do livro “Heavy Metal no Brasil: Uma Breve História Social” já havia dado entrevista para o UOL sobre a baixa participação de bandas brasileiras do gênero em um festival de rock pesado no país.
“Eles disseram que haviam encontrado meu nome na internet e falaram que queriam a opinião de um especialista, de alguém que pesquisa o assunto. Minutos depois da minha aceitação a gente fez essa matéria”, explicou o docente, que defendeu seu doutorado sobre a história do heavy metal brasileiro em 2013, na USP.
“Rodei todas as cinco regiões do Brasil para fazer minha pesquisa. Entrevistei pessoas, coletei materiais e a partir disso desenvolvi minha tese, que tempos depois virou livro. Foi assim que o pessoal do Fantástico me encontrou”, finaliza Wlisses, que não só é fã do gênero heavy metal como integra a banda local Discórdia.
Veja a íntegra da reportagem: