A Federação de Religiões de Matriz Africana do Estado do Acre (FEREMAAC) protestou, nas redes sociais, nesta quinta-feira, 16, sobre a justificativa relatada em depoimento por Guilherme Silva da Cruz após tentar estuprar uma mulher no Horto Florestal no último sábado, 11. Na fala, o suspeito afirmou ter participado de um ritual, tomado sangue e, por fim, ter sido possuído; ao final, ele reforça que “não se lembra de nada”.
A vítima foi atacada por Guilherme, que a arrastou para dentro de um matagal e a agrediu fisicamente, deixando-a desacordada. Durante a luta corporal, ele utilizou a pochete da vítima para pressionar seu pescoço, causando hematomas e ferimentos por todo o corpo; o estupro só foi frustrado quando a mulher recobrou a consciência e gritou por socorro, o que levou o acusado a fugir do local. Ele foi capturado posteriormente no bairro Tancredo Neves e reconhecido pela vítima e por uma testemunha.
Em nota, a FEREMAAC repudiou não apenas aquilo que classifica como “conteúdo chocante e perturbador, mas também pela apologia de práticas que atentam contra a dignidade humana e os direitos fundamentais”, diz, acrescentando ainda que o relato de que o suspeito estaria envolvido em ritual espiritual que envolve a ingestão de sangue e o consumo de um cadáver “configura-se como uma incitação a comportamentos inaceitáveis, ressaltando que o mesmo não faz parte de nenhum templo de religião de matriz africana, apenas tem residência próximo a um”.
Além disso, a FEREMAAC atesta que não compactua e nem pratica tais atos. “Essas declarações ultrapassam os limites do respeito, da ética e da moralidade, promovendo o crime de racismo e intolerância religiosa, colocando em risco a saúde mental e física do povo das religiões de Matriz Africana e a segurança da sociedade como um todo”.
Leia a nota na íntegra:
A Federação de Religiões de Religiões de Matriz Africana do Estado do Acre – FEREMAAC, fundada em 2015, vem através desta nota protestar contra a justificativa relatada em depoimento e esclarecer as falas tendenciosas que circulam nos jornais locais sobre o caso de acusação de tentativa de estupro do senhor Guilherme Silva Cruz. A fala mencionada, conforme relatada nas mídias, merece veemente repúdio, não apenas pelo conteúdo chocante e perturbador, mas também pela apologia de práticas que atentam contra a dignidade humana e os direitos
fundamentais.
O relato de que esta pessoa estaria envolvida em um suposto “ritual espiritual” que envolvesse a ingestão de sangue e, de maneira ainda mais grave, o consumo de um cadáver, configura-se como uma incitação à comportamentos inaceitáveis, ressaltando que o mesmo não faz parte de nenhum templo de religião de matriz africana, apenas tem residência próximo a um.
Atestamos que as Religiões de Matriz Africana não compactuam e nem praticam tais atos. Essas declarações ultrapassam os limites do respeito, da ética e da moralidade, promovendo o Crime de Racismo e Intolerância Religiosa colocando em risco a saúde mental e física do povo das religiões de Matriz Africana e a segurança da sociedade como um todo. É essencial destacar que a liberdade de crença e expressão, garantidas pela Constituição, não podem ser utilizadas como justificativa para a promoção de ações que envolvem violência, práticas de crimes, desrespeito aos direitos humanos e violação de normas legais.
Sendo assim, repudiamos veementemente tal conduta e exigimos que as autoridades competentes investiguem as alegações de maneira rigorosa, garantindo que não haja nenhuma prática criminosa.
Gostaríamos ainda de esclarecer a sociedade acreana quanto a seriedade dos nossos cultos que não condizem com o relato torpe e mentiroso do mesmo.
Pai Célio Gomes
Presidente da FEREMAAC