No Acre, trabalhadores da Educação estadual ameaçam não iniciar o ano letivo, marcado para o dia 10 de fevereiro, em protesto contra a redução do percentual das referências das tabelas salariais de 10% para 7%, em vigência há três anos. A categoria diz que só volta atrás caso o governo recomponha as perdas até 3 de fevereiro.
Os servidores afirmam que a decisão da Secretaria de Educação (SEE) impactou os rendimentos dos professores, funcionários e aposentados, que teriam acumulado perdas entre R$ 15 mil e R$ 100 mil em suas rendas familiares desde 2022.
“Essa redução tem levado os servidores ao endividamento, com a necessidade de contrair empréstimos junto a instituições financeiras. Os aposentados enfrentam grandes dificuldades, sendo obrigados a abandonar planos de saúde, comprometer a compra de medicamentos e, até mesmo, a aquisição de alimentos”, diz uma carta aberta emitida na quarta-feira, 29, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac).
Ainda de acordo com o documento, tal medida teria resultado em uma economia ao governo de mais de R$ 56 milhões em um ano, totalizando, desde a vigência da redução, em mais de R$ 150 milhões não repassados aos trabalhadores em forma de salários e valorização profissional.
Eles dizem ainda que a SEE falta com a verdade ao divulgar concessão de aumento de 33% em 2022. “Esse percentual foi garantido por lei federal”, diz a carta aberta.
Além disso, a nota argumenta que outro reajuste concedido no mesmo ano, de 20%, parcelado em quatro vezes e aplicado de forma não cumulativa, não impactou no vencimento dos servidores. “Qualquer percentual aplicado a uma tabela salarial defasada não resulta em aumento real de renda”, explica a carta.
“O governador Gladson Cameli prometeu devolver a estrutura salarial no ano seguinte, contudo, já se passaram três anos e a promessa não foi cumprida. Diante dessa injustiça e discriminação, a categoria decidiu que não iniciará o ano letivo de 2025 caso, até o dia 3 de fevereiro, não seja aprovada a recomposição da tabela salarial”.
Procurada pela reportagem, a SEE afirmou que a reestruturação da tabela, prometida pelo governador e ainda não cumprida, está em ata para ser aplicada em fevereiro deste ano.