Vereadores eleitos de Rio Branco protagonizaram, nesta quarta-feira, 1º, seus primeiros embates já na cerimônia de posse, que ocorreu no auditório do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O motivo dos desentendimentos foi a eleição da mesa-diretora da Câmara, que esquentou a solenidade.
Ao colocar seu nome à disposição para presidir o parlamento-mirim, o vereador Eber Machado (MDB), que fará oposição de direita ao prefeito Tião Bocalom (PL), denunciou “interferência” do poder Executivo no processo.
Ele citou Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “meu eterno presidente”, e o famoso versículo bíblico repetido por ele, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, para criticar suposta ausência de independência dos vereadores na eleição da mesa.
Eber protestou, ainda, contra a retirada da candidatura de Elzinha Mendonça pelo partido dela, o Progressistas, que optou por compor com o nome de preferência de Bocalom, Joabe Lira, do União Brasil, vencedor da disputa com 16 votos de 21.
“Nós tínhamos duas candidaturas. A do prefeito e a da vereadora Elzinha, que era a minha candidata. Não foi desistência, foi retirada. E isso não representa a democracia, porque isso é uma imposição”, afirmou Eber.
Joabe, ao apresentar sua candidatura, rebateu o colega de parlamento: “O Eber usou um versículo bíblico que diz ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’. Mas, infelizmente, o que ele fala não é a verdade. Ele participou da eleição de um grupo político de esquerda, contra Bolsonaro. Contra inclusive isso que ele tem dito”, afirmou o ex-secretário de Cuidados com a Cidade, ao lembrar que Eber fez campanha para Marcus Alexandre (MDB).
Durante sua fala, Joabe chegou a ser interrompido por Eber e pediu respeito à sua vez de usar o microfone. “Eu respeitei sua fala. Você me interrompeu”.
“Vossa excelência não manda nem no próprio voto”
Outro embate que marcou a noite se deu entre os vereadores André Kamai (PT) e Aiache (PP), motivado pelo mesmo assunto: a suposta interferência de Bocalom na eleição da mesa e a retirada da candidatura de Elzinha.
Kamai, que faz oposição de esquerda ao prefeito, também estendeu suas críticas ao governador Gladson Cameli (PP). “Esse processo foi sequestrado pelo poder da prefeitura e do governo. A determinação deles [de interferir] cercearam a possibilidade de que esse debate fosse mais amplo. Nossos mandatos foram eleitos pelo povo, e não pelo prefeito e pelo governador”, criticou o petista, que também se lançou candidato à presidência da mesa.
Foi então que Aiache, durante seu voto na chapa eleita de Joabe Lira, ironizou Kamai. “Fiquei feliz com a exposição do vereador, que disse que não pode haver interferência nos poderes. Portanto, o vereador André está fazendo uma coisa nova para o PT. Parabéns, vereador, porque durante todos os governos petistas houve interferência nos poderes. E eu não recebi nenhuma ligação de Bocalom e de Gladson”, disse o parlamentar do PP.
Minutos depois, Kamai voltou ao microfone, disse que o colega havia faltado com o respeito e pediu civilidade. “Primeiro, que vossa excelência não conhece o processo político pelo qual a gente participou. Eu não lembro de vossa excelência lá. A Câmara, na época, era um espaço democrático, plural e respeitoso, onde os vereadores tomavam decisão. Vossa excelência aqui não manda nem no próprio voto”, provocou.