Recebi uma mensagem maravilhosa essa semana de um leitor aqui da coluna. Falava do Odair José. Escrevi há algumas semanas um texto sobre ele “Um pouquinho bandidos”, leram esse? Ele leu e passou o dia todinho cantando “Vou tirar você desse lugar”. Naquela noite sonhou.
“Roberta, foi uma coisa estranhíssima. Era um palco inteiro vermelho com uma cortina de veludo também vermelha. Eu via de dentro e de fora do palco. Fazia barulho como se muita, muita gente esperasse por um show. Na fenda de abertura da cortina, uma mão de dedos longos, longuíssimos acariciava o veludo. A plateia aplaudia em êxtase. Com a outra mão (era minha a mão) eu segurava um microfone da Xuxa, só que no lugar do cabelo amarelo do microfone (por favor pesquisem no Google o microfone da Xuxa – isso sou eu, Roberta, falando) tinha o cabelo escuro do Odair José e aquela carinha era a dele. Eu aproximava o microfone da boca que era também enorme, umas 3 da do Mick Jagger, ia até as minhas orelhas, e começava ‘Olha, a primeira vez que eu estive aqui, foi só pra me distrair. Eu vim em busca do amor’. Os aplausos cresciam, eu ia tomando coragem e colocava na mesma fenda de tecido a minha perna enquanto continuava ‘Olha, a segunda vez que eu estive aqui, já não foi pra distrair. Eu sentia saudades de você’. Até que minha mulher me chacoalhou me perguntando não sei quantas vezes com quem eu tava falando, às vezes ela mudava e perguntava pra ‘de quem’ eu estava falando. Eu já acordado não conseguia dizer nada além de ‘Eu vou tirar você desse lugar. Eu vou levar você pra ficar comigo. Não interessa o que os outros vão pensar’. Roberta, eu não quero tirar ninguém de lugar nenhum. Juro por Deus, sou louco, apaixonado por minha mulher e já faz 3 dias que ela não fala comigo. Por favor, escreva pra ela dizendo que a culpa é sua e você que enfiou um Odair José na minha cabeça. Eu não sabia nem quem era, ouvi a primeira música que apareceu no Google só pra entender o texto e agora estou nessa situação”.
Minha gente, eu ri de doer a barriga com essa história, com uma bocona bem grande de Mick Jagger. Respeitosamente, claro. Escrevi porque não quero ver nenhum leitor meu enroscado, pelo amor de Deus. Aproveitei pra perguntar o que o analista dele achou do sonho. Não havia analista, mas havia vontade de fazer análise. Indiquei até um colega, tomara que dê certo. E conto aqui (com autorização, claro) pra reforçar minha mensagem para a esposa e porque lembrei de uma outra parte da música que eu queria dizer pra ela e pra vocês. “Eu quero que você não pense em nada triste. Pois quando o amor existe, não existe tempo pra sofrer”. Viva Odair José, viva o leitor apaixonado, viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu. Boa semana, queridos.