Mariana Michelini, 36 anos, concluiu uma série de cinco cirurgias para reconstrução dos lábios após complicações graves decorrentes do uso de PMMA (polimetilmetacrilato) em um procedimento estético. A influenciadora e atendente de farmácia, moradora de Matão, no interior de São Paulo, sofreu a perda dos lábios superior e inferior após a aplicação do produto.
“Ainda faltam alguns ajustes, mas estou recuperando minha autoestima e voltei a ter vida social”, relatou Mariana, que agora consegue até se maquiar novamente.
O PMMA é um preenchedor sintético aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas seu uso para fins estéticos não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) nem pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A substância é permanente e pode se aderir a músculos e ossos, tornando sua remoção extremamente difícil em casos de complicações.
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Diante dos riscos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) solicitou recentemente à Anvisa a proibição do PMMA para procedimentos estéticos no Brasil. Atualmente, especialistas indicam o ácido hialurônico como alternativa mais segura, pois é reabsorvível e pode ser dissolvido com o uso de enzimas específicas.
O caso de Mariana começou em 2020, quando aceitou uma oferta de harmonização facial em troca de divulgação nas redes sociais. Segundo ela, foi informada de que o procedimento utilizaria ácido hialurônico, mas seis meses depois, começou a apresentar inchaço, dor intensa e vermelhidão no rosto. Após exames, descobriu que havia recebido PMMA em vez da substância prometida.
“Fiquei desesperada quando vi relatos de mulheres que tiveram complicações graves ou até morreram por causa do PMMA. Entrei com um processo contra a profissional que fez o procedimento, mas também fui processada por expor o caso nas redes sociais”, afirmou.
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Em 2022, Mariana precisou remover o lábio superior e parte do buço. Parte da reconstrução foi feita com tecido retirado da língua, o que gerou dificuldades iniciais na fala, mas sem afetar o paladar. Após a última cirurgia, em novembro de 2024, passou por um preenchimento corretivo com ácido hialurônico para nivelar a superfície do lábio inferior.
O caso reacende o debate sobre a regulamentação dos preenchimentos faciais no Brasil e os riscos do uso de substâncias permanentes em procedimentos estéticos.