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Falso médico e negligência: inquérito conclui causas da morte de jovem 10 dias após dar à luz

Falso médico e negligência: inquérito conclui causas da morte de jovem 10 dias após dar à luz

Foto: Arquivo pessoal

A morte da jovem Estherfany Sara de Souza Adrião, de 25 anos, no último dia 10 de janeiro, começa a ser esclarecida. É que a Polícia Civil do Acre (PCAC), por meio da Delegacia Geral de Manoel Urbano, concluiu nesta sexta-feira, 21, o inquérito que apura a morte da jovem.

A Polícia Civil remeteu o caso ao Poder Judiciário. As investigações identificaram como envolvidos M.X.O., que afirmou ser estudante de medicina na Bolívia, e o médico plantonista da Unidade Mista do município, T.L.S.

De acordo com o inquérito, a vítima deu entrada na Unidade Mista de Manoel Urbano no dia 10 de janeiro de 2025, com um quadro de pressão alta e estado grave de saúde, evoluindo para seguidas convulsões. Apurou-se que fazia 10 dias que a vítima havia dado a luz a sua filha. No entanto, o atendimento prestado foi conduzido inicialmente por M.X.O., que, mesmo sem ser médico, vinha atendendo a pacientes na unidade, prescrevendo medicações e utilizando o carimbo do médico T.L.S, seu amigo pessoal.

A investigação apontou diversas falhas no atendimento à vítima, como a ausência de intubação, nao misturar imediatamente medicação adequada, e a falta de um encaminhamento rápido para Rio Branco. Estherfany permaneceu por mais de quatro horas na Unidade Mista de Manoel Urbano, um local inadequado para pacientes em estado gravíssimo. Quando finalmente foi transferida, já chegou à capital em parada cardiorrespiratória, tendo a morte cerebral decretada no dia 13 de janeiro de 2025.

Antes, o MPAC requisitou prontuários médicos e fez inspeções na Unidade Mista de Manoel Urbano e na ambulância usada para o transporte da paciente, uma vez que a família da jovem também acusa negligência durante a viagem para a capital.

“Próximo a Rio Branco, ela não estava mais recebendo oxigênio adequadamente na ambulância. Vimos que faltou oxigênio, o que contribuiu para a piora do quadro dela que evoluiu para duas paradas cardiorrespiratórias”, afirmou a irmã da vítima, Esther Samylle Souza da Silva.

Ainda de acordo com ela, os profissionais de saúde que estavam na ambulância do Samu não ficaram perto da paciente durante o trajeto e só perceberam que Estherfanny sofria uma parada cardíaca porque foram avisados pela mãe. “O médico ia no banco da frente e de costas para minha irmã”.

Após chegar a Rio Branco, os médicos tentaram reanimar a vítima, sem sucesso. A família foi informada de que a jovem estava em morte encefálica e que nada mais poderia ser feito.

A delegada responsável pelo caso, Jade Dene, destacou a gravidade dos fatos e o trabalho da Polícia Civil na apuração do crime. “Reunimos provas contundentes que demonstram a materialidade do crime e a autoria dos envolvidos. Obtivemos imagens de câmeras de segurança, depoimentos de enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros servidores da unidade, além de imagens fotográficas do falso médico atendendo pacientes. Também ouvimos o médico emergencista que atendeu Estherfany em Rio Branco, e todos os elementos comprovam as irregularidades que resultaram na morte da vítima”, afirmou.

Com base nas provas colhidas, a Polícia Civil constatou a responsabilidade criminal do médico plantonista e de M.X.O., que exerceu ilegalmente a medicina. Ambos foram indiciados por homicídio culposo, uma vez que sua conduta negligente e imprudente resultou na morte da paciente.

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