O vice-prefeito de Rio Branco Alysson Bestene, do Progressistas, recebeu, na última sexta-feira, 31, em seu gabinete, na sede da prefeitura, a equipe da GAZETA para uma entrevista exclusiva.
Na ocasião, ele falou sobre a sua quase certa nomeação para a Secretaria Municipal de Educação (Seme), após intensas negociações que envolveram até mesmo o governador e colega de sigla Gladson Cameli.
“Estou preparado para assumir a pasta”, disse o vice-prefeito, que comentou, ainda, sobre a ausência, até o momento, de sua legenda no alto escalão do segundo mandato do prefeito Tião Bocalom (PL) – pendência essa que deve ser resolvida já nesta semana, após a confirmação de sua ida para a Seme.
Ele também falou sobre como se sentiu ao ver sua tia, a ex-secretária de Educação Nabiha Bestene, ser preterida para retornar ao cargo e o que pensa acerca das denúncias de perseguição na pasta, supostamente praticadas pelo secretário interino, pastor Paulo Machado, com quem terá de trabalhar quando assumir a Seme.
Confira:
A GAZETA – O alto escalão deste segundo mandato do prefeito Bocalom está quase todo fechado. Mas, até o momento, o seu partido, o Progressistas, está de escanteio. O senhor não acha que a legenda deveria ter mais espaço na gestão?
Alysson Bestene – Tratativas estão sendo feitas. O prefeito entende que os aliados são importantes e vão ter seus espaços para ajudar na gestão. E com o PP não vai ser diferente. O primeiro escalão ainda não está todo fechado, existem áreas que estão sendo respondidas de forma interina e eu creio que a gestão vai ter sim essa participação não somente do PP, mas de outros partidos que compuseram nossa aliança vitoriosa.
Bocalom tem deixado claro que não é uma questão de lotear a prefeitura, mas sim de ter quadros importantes que ele considera, dentro desses partidos, que podem ajudar a gestão a ser cada vez mais eficiente. Ainda tem diálogos constantes acontecendo, inclusive com os vereadores que venham a compor a base do prefeito. E nessa composição vamos ter essas parcerias bem evidentes.
Seus companheiros de partido têm feito algum tipo de pressão para que o senhor interceda em favor do PP, a fim de garantir maior participação da sigla na prefeitura?
Não. É natural que se observe, dentro dos quadros do partido, nomes que possam colaborar em qualquer gestão, seja ela municipal, estadual e até federal. Então, hoje, as discussões que eu vi internamente no partido são sempre nesse sentido. Se tiver sugestão de nomes, sugerir para ajudar nos desenvolvimentos das políticas. E isso é natural.
E aí, quando se tem esses diálogos, essas conversas, não é de forma impositiva, de pressão. Inclusive, o governador, por diversas vezes, tem dito que essa aliança, em momento algum, se deu por cobrança de cargos. Foi uma aliança para a gente aplicar as melhores políticas públicas para a nossa população.
Mudando de assunto, essa situação envolvendo sua tia Nabiha Bestene na Secretaria de Educação abalou, de alguma maneira, sua relação com o Bocalom?
O prefeito tem a prerrogativa de escolher os seus secretários – e a gente respeita isso. Tenho o maior carinho e admiração pela minha tia Nabiha, pela história que ela tem na Educação do Acre. Na primeira gestão do prefeito Bocalom, por exemplo, a gente viu Rio Branco avançar para o segundo lugar no Ideb. Foram várias premiações que a gestão recebeu. Isso foi fruto dessa dedicação da secretária e professora Nabiha. Por onde ela passou, sempre trouxe bons resultados e deixou legados que nos orgulha enquanto família.
É natural que, de uma gestão para outra, haja tomadas de decisões em relação a quem fica e a quem sai. Essas questões mais pessoais a gente tem que superar em torno desse bem comum. Meu objetivo maior é o coletivo, e não o individual.
Na quinta-feira, 30, o senhor teve uma longa reunião com Bocalom, onde abordaram, entre outros assuntos, a sua possível nomeação como secretário de Educação. Como ficou essa questão?
Essa é uma tratativa que nós estamos fazendo e que envolve, inclusive, o governador e o PP, porque nós temos uma base com seis vereadores. Como eu já disse em outras ocasiões, estou preparado para assumir a Educação. Já estive, ao longo de seis anos, à frente do governo do Estado em pastas importantes que impactam diretamente a população. Isso me trouxe currículo e experiência para servir bem. E, se assim o prefeito quiser, vamos construir uma equipe boa na Educação para que, cada vez mais, a gente melhore os índices e traga mais resultados positivos, como, quem sabe, o primeiro lugar no Ideb.
Nesta semana, vieram à tona denúncias de perseguição e assédio moral justamente na Secretaria de Educação. O que o senhor pensa a respeito?
É importante se averiguar toda e qualquer denúncia que surja nas secretarias e ambientes públicos, porque essas supostas práticas não são um desejo do prefeito e também não são um desejo meu. Bocalom sempre buscou atender bem a população e os servidores públicos. Se realmente isso se comprovar, providências devem ser tomadas. Lógico que isso precisa ser bem averiguado. Ver de que forma estão surgindo essas denuncias para tomarmos as providências.
Ainda não tive a oportunidade de conversar com o secretário que está respondendo interinamente. E também com os servidores que supostamente sofreram esse tipo de agressão. A gente repudia sempre agressões e assédio moral, porque não é da índole do prefeito, não vem da nossa índole e muito menos dos nossos princípios cristãos.
O Bocalom deu seu voto de confiança no secretário adjunto e desacreditou as denúncias. Se o senhor fosse o prefeito, não em exercício, mas de fato e de direito, o que o senhor faria diante de uma situação semelhante a essa?
Não tenho como responder pelo prefeito, porque é uma decisão que ele tem em relação à confiança dele no secretário interino. Como o próprio nome já diz, é um cargo de confiança. A gente tem que confiar naquelas pessoas que a gente coloca ali. Mas isso não quer dizer que você não vai averiguar toda a situação. Acho que é isso. Eu teria que ouvir ambas as partes. A gente só viu pela imprensa.
Alysson, as chances de o prefeito Bocalom sair para o governo em 2026 existem. Já o seu partido trabalha com o nome da atual vice-governadora Mailza Assis. Em um cenário em que Bocalom e Mailza estejam na disputa, enquanto adversários, para quem iria seu apoio?
Hoje nós estamos em uma aliança: o Bocalom como prefeito e eu, vice. Acredito muito nessa unidade entre o PP e o PL, e que ela vai se estender até 2026. Então, não tenho essa hipótese de que vai ter as duas candidaturas. É natural que surjam especulações. Mas nós estamos juntos e o melhor nome será aquele que tem todas as prerrogativas [para se candidatar], dentro de um consenso.
O governador Gladson Cameli, nossa liderança maior, com certeza será o grande condutor disso para 2026 – e nós vamos estar ao lado dele, para que tenhamos o melhor time. Nossos adversários são outros: os que ficaram 20 anos no poder e deixaram o estado em situações que a gente vem mudando, principalmente no desenvolvimento econômico. Então, o projeto que eu aposto é manter juntos todos esses nomes.
O senhor estaria preparado para ser prefeito de Rio Branco de forma permanente?
Estou. Tenho princípios de honestidade e seriedade pela questão pública, de aplicar os recursos de forma honesta para termos resultados positivos para as pessoas que mais necessitam. Por onde passei, sempre busquei preservar isso, e não seria diferente como prefeito, se o destino assim quiser.