Um pequeno satélite da Nasa está a caminho da Lua com a missão de identificar e mapear sinais de água na superfície lunar. O orbitador Lunar Trailblazer foi lançado nesta quinta-feira (26) a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX, partindo da Flórida, nos Estados Unidos, e tem o tamanho de uma máquina lava-louças.
O equipamento viajou como carga secundária no foguete. A principal carga do lançamento foi o módulo Athena, da empresa Intuitive Machines, que também segue para a Lua.
Embora a superfície lunar seja considerada árida, medições anteriores indicaram a presença de água, inclusive em áreas iluminadas pelo Sol. Cientistas especulam há tempos que os polos lunares, onde há regiões permanentemente sombreadas, podem conter quantidades significativas de gelo. Caso confirmada, essa água poderá ser um recurso valioso para futuras missões tripuladas, servindo tanto para consumo humano quanto para a produção de oxigênio e combustível para foguetes.
“Vemos pequenas quantidades de água em partes iluminadas pelo Sol, o que é misterioso”, afirmou Bethany Ehlmann, cientista planetária e investigadora principal da missão, ligada ao Instituto Keck de Estudos Espaciais da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), à Reuters. “O aspecto mais interessante para muitos são as potencialmente grandes quantidades de gelo nas regiões permanentemente sombreadas dos polos lunares. O Lunar Trailblazer vai olhar para dentro para ver quanto está na superfície.”
Mapeando a água lunar
Pesando cerca de 200 kg e com 3,5 metros de largura quando seus painéis solares estão totalmente abertos, o Lunar Trailblazer fará uma série de sobrevoos e órbitas em looping até se posicionar a aproximadamente 100 km da superfície lunar. De lá, ele coletará imagens de alta resolução para determinar a forma, distribuição e abundância da água na Lua, além de estudar seu ciclo e comportamento.
Para isso, dois instrumentos científicos a bordo trabalharão em conjunto. O Mapeador Térmico Lunar (LTM) medirá a temperatura da superfície, enquanto o Mapeador de Minerais e Voláteis de Alta Resolução da Lua (HVM3) analisará a luz refletida para detectar assinaturas específicas da presença de água.
“Acreditamos que o movimento da água na Lua provavelmente seja impulsionado pela temperatura da superfície. Portanto, ao medir a presença e a quantidade de água por meio do HVM3 e a temperatura da superfície por meio do LTM, podemos entender melhor essa relação”, explicou Tristram Warren, cientista planetário da Universidade de Oxford e um dos desenvolvedores do LTM.
Os cientistas ainda investigam como a água chegou à Lua. Uma hipótese é que o vento solar — partículas carregadas vindas do Sol — tenha interagido com minerais lunares, gerando água. Outra possibilidade é que cometas e meteoritos tenham depositado água na superfície ao longo de bilhões de anos. Estimativas sugerem que pode haver centenas de milhões de toneladas de água congelada na Lua.
“Além da exploração humana, a água lunar também é cientificamente muito empolgante”, destacou Warren. “A Lua tem orbitado perto do nosso planeta quase desde a formação da própria Terra. Portanto, entender a origem da água lunar pode nos ajudar a entender a origem da água na Terra.”
Se a missão for bem-sucedida, o Lunar Trailblazer poderá fornecer informações cruciais para futuras explorações lunares, ajudando a definir locais estratégicos para pousos de sondas, rovers e até astronautas. A água da Lua pode ser a chave para tornar missões espaciais mais autossuficientes e viáveis a longo prazo.
Por: Revista Galileu