O pai e a madrasta que mantiveram uma criança, dois adolescentes e um idoso em cárcere privado por dois anos em Registro, no interior de São Paulo, foram presos nessa sexta-feira (21/3), na Rua João Francisco de Oliveira, em Boituva, também no interior paulista
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão temporária contra os suspeitos. O caso foi registrado como captura de procurado na Delegacia Seccional de Registro.
Entenda o caso
- Uma criança de 10 anos e dois adolescentes, de 12 e 14 anos, foram mantidos em cárcere privado sob maus-tratos e violência física pelo pai e pela madrasta, em Registro, por mais de dois anos.
- De acordo com o Conselho Tutelar da cidade, as crianças não recebiam alimentação adequada e tinham sinais de agressões físicas quando foram resgatadas.
- Em um episódio, a adolescente de 14 anos teve o dedo da mão decepado por ter pegado comida escondida.
- Os três menores apresentavam sinais de mordidas em todo o corpo, feitas pela madrasta.
- O conselheiro tutelar Fábio Costa e Silva contou ao Metrópoles que as crianças “não recebiam alimentação corretamente e imploravam por comida”.
- O Conselho Tutelar recebeu denúncia de um membro familiar das crianças no dia 12 de março, inicialmente por evasão escolar.
- Dois dias depois, em 14 de março, a denúncia foi reforçada com informações de que as crianças estavam sendo mantidas sob cárcere privado e sofrendo violência física.
- Em nota, a SSP informou que o caso foi registrado no 2º Distrito Policial de Registro como sequestro e cárcere privado, maus-tratos e lesão corporal, sendo investigado por meio de inquérito policial.
Conselho Tutelar visitou a residência
O conselheiro visitou a casa em que as crianças e o idoso foram mantidas em cárcere. O pai, e suspeito do crime, alegou que desconhecia o paradeiro dos filhos, informando que a guarda estava sob responsabilidade da avó paterna, em Curitiba (PR).
A avó foi contatada via chamada de vídeo e, após apresentar resistência, confessou que elas estavam com o pai.
O Conselho então acionou a Polícia Civil, que solicitou ao judiciário mandado de busca e apreensão na casa do homem. No dia 15 de março, o órgão entrou na residência acompanhado de policiais e constatou que as crianças não estavam mais lá. Mais tarde, foi apurado que a madrasta as havia levado de volta a Curitiba.
Em uma segunda chamada de vídeo, o conselheiro viu as crianças na casa da avó e acionou o Conselho Tutelar de Curitiba, que foi até o local e encaminhou os menores a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde foram constatados todos os abusos.
De acordo com Costa e Silva, as vítimas receberam alta na noite da última terça-feira (18/3) e foram levadas a um centro de acolhimento.
Pais já haviam perdido guarda das crianças
Em 2016, os genitores perderam a guarda das crianças, informou o Conselho Tutelar de Registro.
“Ambos eram negligentes aos cuidados, e na época [2016], as crianças foram acolhidas em Instituição de Acolhimento aqui em Registro”, contou Fábio Costa e Silva.
Após passarem pelo abrigo, os três passaram a viver com a avó em Curitiba, até o pai trazê-los de volta à cidade paulista há pelo menos dois anos.
Idoso vítima de maus-tratos
Na segunda-feira (17/3), o Conselho Tutelar de Registro recebeu uma terceira denúncia, dessa vez em referência a maus-tratos de um homem idoso cadeirante, também mantido sob cárcere privado na mesma residência. Eles haviam visto o idoso na casa na visita do dia 15 de março, mas ainda não tinham conhecimento dos maus-tratos.