Nesta semana, o Distrito Federal esteve em alerta com o retorno dos casos de sarampo após quatro anos sem a doença. A paciente, uma mulher que estava em viagem internacional, já está sendo monitorada, mas a baixa cobertura vacinal ainda preocupa. Para falar sobre o assunto, o professor Wildo Navegantes, da Universidade de Brasília (UnB), é o entrevistado do CB.Saúde — programa da TV Brasília em parceria com o Correio — desta quinta-feira (20/3).
O epidemiologista destacou a alta transmissibilidade da doença e alertou para os riscos da baixa adesão à vacina. “O sarampo se transmite muito mais fácil que a própria covid-19”, alerta. Embora, o caso do DF tenha sido “importado”, o professor pontua que “há um risco da transmissão local, basta que não mantemos a cobertura vacinal alta e não façamos nosso trabalho de vigilância”.
Um alerta vai para a nova geração de mães, que nasceram após o controle da doença e não conheceram os riscos do sarampo de perto, para se atentar à caderneta de vacinação. “É bom falar que o Brasil conseguiu controlar a doença baseado na imunização”, ressalta.
O momento atual, segundo o especialista, é estratégico para reforçar a vacinação devido ao início do período letivo das crianças. Aos adultos que não se vacinaram ou não lembram se tomaram o imunizante, a dica é ir a uma unidade de saúde para conferir os registros.
Caso não tenha registros, o cidadão pode tomar uma nova dose mesmo assim. “A vacina é muito boa, não tem risco algum tomar”, explica.
Outra dica vai para os viajantes. Caso vá sair do país, o especialista orienta a fazer uma consulta ou entrar em contato com um Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). “Estou indo para algum país, quais são as necessidades imunopreveníveis que eu preciso me preocupar ou risco que eu posso ser exposto nesse lugar que eu estou indo?”, aconselha.
Sintomas da doença
O sarampo é uma doença grave que pode deixar sequelas como cegueira e encefalite e até levar à morte. A virose foi uma das maiores causas de mortalidade infantil no país até a Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, em 1992. Em 2024, o país retomou o título de país livre do sarampo após perder a certificação em 2019.
“Primeiro começa com uma febre e manchas avermelhadas”, destaca o professor. Ele também destaca o aparecimento de sinais na parte interna dos lábios. “São sinais que se detecta claramente que é sarampo”.
Além do sarampo, a queda na cobertura vacinal pode provocar o reaparecimento de doenças já controladas ou erradicadas, como a meningite e a poliomielite. Todas essas enfermidades têm vacina disponível gratuitamente no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Vigilância da doença
Navegantes também comentou os casos de dengue, comuns nesta época do ano. O especialista avalia que o sistema de saúde avançou na atenção à saúde, mas continua abaixo do necessário. “Os determinantes que favorecem a ocorrência da dengue não mudaram, as cidades não mudaram, os comportamentos humanos não mudaram tanto assim”, ressalta.
O professor lembra que a dengue tem quatro tipos de sorotipo e que, ao ser contaminado, o paciente fica imune somente a um deles. Por isso, o alerta vai também para quem já teve a doença.
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Os cinco anos do início da pandemia de covid-19 também foi tema da conversa desta terça, e com alerta. Mesmo com o fim da pandemia, os hábitos de higienização são fundamentais. “Se está doente, com quadro de resfriado, volte a usar a máscara”, aconselha.
Em 2025, o Brasil registrou 11.467 casos e 193 mortes pela doença.
Por: Correio Braziliense