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A banca que não se garante

A geração que levou crise ao equilibrado mercado de bebidas, que trocou cerveja por roupas fashionistas, café elaborado em badaladas delicatéssen e restaurantes com ênfase em pratos decorados para postagens em redes sociais, e pouco sabor tornou~se o assunto do momento.

Quando falam mal da geração Z dizem: “não sabem ouvir um pito no trabalho; se são criticados, choram, desistem. Fazem exigências descabidas para os(as) chefes, faltam por motivos fúteis, não param no emprego etc.”
Quando rebatem a critica, usam argumentos como: “que bom que essa geração não se sujeita mais a ser explorada como as anteriores. Que bom que priorizam a saúde mental. Que bom que sabem os seus direitos e são capazes de reclamar. Que bom que não ficam onde não enxergam um propósito etc.”

Boa parte dessa geração mais jovem não se sujeita
… quando um genZ abandona um trabalho que considera abusivo na primeira semana e, depois de um tempo, consegue um novo, que abandona porque “não está alinhado com seus valores”… quem paga o seu aluguel no final do mês?
De onde vem o dinheiro que paga a comida, as roupas, a conta de celular de uma pessoa com mais de 20 anos que tem essa autonomia toda para só trabalhar com o que considera digno e significativo?

É possível que mães, pais, avós que, em muitos casos, suportam (ou suportaram) empregos que não são lá tão interessantes e gratificantes assim.
Os pobres de gerações anteriores trabalharam desde a infância.
Mas pais e mães de adultos estão adiando aposentadoria e pegando serviço extra para que seus filhos possam escolher não suportar trabalhos ruins – sejam os em que se comete assédio moral, sejam os que são apenas empregos cansativos e chatos.

Não responsabilizo trabalhadores jovens por serem mal remunerados e não poderem se sustentar sozinhos.
Penso que muita gente jovem pode escolher sair de um emprego sem ter outro em vista porque tem mãe e pai que não podem deixar seus empregos ruins de jeito nenhum.

Por isso me soa tão estranho ouvir “que bom que a geração Z não se sujeita a ser explorada como as gerações anteriores”. Seria lindo, se em tantos casos não fosse gente das gerações anteriores a sustentar essa espécie de autonomia dos mais jovens.

A banca que não se garante

A banca que não se garante

A banca que não se garante

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