A indústria da beleza tem um histórico longo de transformar inseguranças em oportunidades de mercado, e o desodorante vaginal é um exemplo clássico. Vendido como um item essencial para a higiene íntima, ele promete neutralizar odores e proporcionar frescor. Mas a verdade é que a vagina não precisa disso—e o uso desses produtos pode fazer mais mal do que bem.
A vagina possui um ecossistema próprio, com bactérias benéficas que mantêm seu pH equilibrado. O odor vaginal natural não é um defeito a ser corrigido, e fragrâncias artificiais podem alterar essa microbiota, aumentando o risco de infecções como a vaginose bacteriana e a candidíase. Além disso, muitos desses produtos contêm substâncias irritantes que podem causar alergias e desconforto.
Então, por que continuamos vendo esses produtos nas prateleiras? A resposta está na cultura da hipervigilância sobre o corpo feminino. Criar um problema onde não existe é uma estratégia lucrativa. Ao invés de desodorantes, o cuidado íntimo deve se basear em medidas simples e cientificamente embasadas: higiene com água e sabonetes suaves, roupas íntimas respiráveis e acompanhamento ginecológico regular.
O corpo feminino não precisa de retoques químicos para ser saudável. Informação é poder—e desconstruir mitos é um passo essencial para a verdadeira liberdade sobre o próprio corpo.