O espetáculo acreano Cabo de Guerra foi apresentado para mais de 200 estudantes dos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET) das unidades Maracanã e Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. As apresentações aconteceram nos dias 8 e 9 de abril, durante o evento “Arte e Saúde Mental”, promovido pelo CEFET Celso Suckow da Fonseca.
Essa foi a primeira vez que o solo foi exibido fora do estado do Acre. As sessões contaram com financiamento do Governo Federal, por meio da Fundação Garibaldi Brasil, após o projeto ser contemplado no Edital de Produção, Circulação e Intercâmbio da Lei Aldir Blanc. Além do espetáculo, os alunos participaram de um bate-papo com os artistas, promovendo um rico intercâmbio artístico cultural.
Com direção de Clarisse Baptista e coreografias de Felipe Barbosa, Cabo de Guerra utiliza teatro e dança para abordar temas como depressão e ansiedade, lançando luz sobre a importância da saúde mental. A obra propõe uma abordagem sensível e poética, que reverberou nos estudantes e gerou diálogos emocionantes ao final das sessões.
“Editais e projetos como esse são fundamentais para que possamos continuar criando e levando nossos trabalhos para além da nossa região. Tivemos uma troca muito bonita com os alunos e professores, o que reforça a importância de falar sobre saúde mental em todas as idades”, afirma Daniel Scarcello.
Em um dos relatos, uma estudante de 15 anos do CEFET Maracanã compartilhou a identificação com a narrativa do espetáculo: “Durante a pandemia, meu pai teve depressão e ficava trancado no quarto. Minha avó, mãe dele, dizia que era preguiça. Vi essa situação no espetáculo e lembrei disso na hora.”
O professor de teatro, Daniel Leuback, destaca a temática e reforça como a linguagem do teatro solo permitiu mostrar as diferentes recursos cênicos aos alunos. “Eles puderam ver que, apesar da complexidade poética da peça, com poucos recursos é possível fazer um espetáculo muito bom, unindo dança, corpo, um bom texto e uma atuação impecável, então foi uma aula para eles. Além da temática, pois é cada vez mais importante levantar esse assunto com os adolescentes e não deixar que seja um tabu falar sobre saúde mental, depressão e até suicídio”, afirma Leuback.
Em Nova Iguaçu, onde cerca de 150 adolescentes lotaram a plateia, o professor de Artes Adriano Furtado destacou que, para muitos alunos, essa foi a primeira vez assistindo a uma peça teatral profissional — um marco importante para a escola, segundo ele. Acrescentou ainda que Cabo de Guerra será utilizado como referência em suas aulas daqui pra frente.
“Vocês trouxeram um material magnífico que será uma fonte de consulta inesgotável para a gente trabalhar nas aulas. A gente vai poder citar esse trabalho o tempo inteiro, as soluções para as cenas, transições… Vamos poder mapear tudo tendo o seu espetáculo como referência”, afirma.
Cabo de Guerra estreou em 2022, no Sesc Rio Branco, com apoio da Lei Aldir Blanc, e chegou a ser destaque no Dia Mundial da Criatividade daquele ano. Em 2024, teve sua segunda temporada realizada pelo projeto “Cabo de Guerra – Janeiro Branco”, aprovado pelo Fundo Estadual de Cultura.