Com a popularização das redes sociais, a dinâmica dos relacionamentos tem se transformado significativamente e provocado grandes reflexões sobre as interações no campo digital, como as microtraições.
Foi-se o tempo em que encontrar manchas de batom, cheiro de outro perfume nas roupas, achar um acessório perdido no carro ou um bilhete no bolso eram indícios de que o parceiro ou parceira estava “pulando a cerca”. Com o avanço das redes sociais, uma nova forma de traição surgiu.
A microtraição é um conceito que engloba comportamentos aparentemente pequenos, mas que minam a confiança no relacionamento. Enquanto a traição convencional envolve uma quebra clara dos acordos do casal (como um caso amoroso ou sexual), a microtração age de forma mais sutil.
A psicóloga Emily Verde destaca que as microtraições são como esconder interações, manter conversas ambíguas ou omitir informações que, isoladas, podem parecer inofensivas, mas quando repetidas, criam um padrão de desconfiança.
Sobre as redes sociais, a profissional aponta que muitos casais não estabelecem limites claros para o uso das redes, e isso gera conflitos. O que para um é “apenas uma curtida”, para o outro pode ser uma quebra de confiança.
“Os comportamentos que mais causam incômodo nos casais são os flertes digitais (curtidas em fotos sugestivas e mensagens íntimas, para citar alguns exemplos) e as comparações constantes quando um dos pares segue perfis de ex ou pessoas que despertam ciúmes”, diz.
Indicativos de infidelidade
Como o próprio nome explica, a microtraição tem a ver com aquelas pequenas coisas que alguém pode pensar que não são tão ruins, mas podem ser. “Não existe uma regra universal. O que é traição para um, pode ser aceitável para outro. Por isso, o diálogo aberto é essencial”, reforça a especialista.
Para estabelecer o que é ou não traição dentro de uma relação afinal, não há regras, a psicóloga sugere que casais façam o seguinte exercício:
– Listar comportamentos que consideram inaceitáveis (conversas íntimas com ex, mentiras sobre com quem saiu…).
– Estabelecer acordos claros (“Podemos ter amigos do sexo oposto, mas não esconder encontros”).
– Revisar esses combinados periodicamente, porque relacionamentos evoluem.
Traição x microtraição
Segundo Emily, a traição tem um impacto imediato e devastador, pois envolve quebra explícita de acordos e, geralmente, há intenção clara de esconder. Já a microtraição, por ser um comportamento inconsciente ou justificado como “normal’, tem efeito cumulativo. “São pequenas feridas que se somam e minam a confiança”, destaca.
Exemplos de microtraição
– Comportamentos secretos: apagar mensagens ou mentir sobre com quem saiu.
– Falta de transparência: não contar que reencontrou um ex em um evento.
– Flertes digitais: curtir fotos íntimas de conhecidos, comentários sugestivos.
– Comparações: falar de terceiros como “mais atraentes/legais” que o parceiro.
– Priorizar outros: sempre disponível para amigos, mas negligente no relacionamento.
Fonte: Metrópoles