A votação, que geralmente acontece dias após a morte ou renúncia de um papa, remonta ao século XIII, quando as eleições papais chegaram a durar anos. Em alguns casos, cardeais já chegaram a morrer durante o processo exaustivo.
O conclave mais longo da história foi na eleição do papa Gregório X, que depois de quase três anos, foi concluído em setembro de 1271.
O processo aconteceu em uma época em que a Igreja estava dividida por questões políticas. A votação chegou a um desfecho após deliberações quase intermináveis na cidade de Viterbo, cerca 85 quilômetros ao norte de Roma.
O conclave mais longo da história foi convocado após a morte do papa Clemente IV, em 29 de novembro de 1268. Não há um registro exato de quando a eleição papal para substituí-lo começou naquele ano.
Contudo, a história registra que o sucessor foi eleito em 1º de setembro de 1271, após 33 meses sem o maior representante da Igreja Católica — a mais longa da história.
Reação dos fiéis
Após anos de deliberações sem conclusão de quem seria escolhido como novo papa, moradores frustrados se revoltaram, removeram o telhado do palácio onde os cardeais estavam reunidos – com o argumento de que deveriam deixar o Espírito Santo se juntar aos religiosos.
A revolta cortou a entrada de comida para os cardeais para incentivá-los a acabar com o impasse.
As condições ficaram tão insalubres que dois cardeais morreram e um terceiro teve que sair do confinamento devido a problemas de saúde. Só depois de muito caos é que Gregório foi escolhido como novo papa.
Para evitar novos episódios como esse, o próprio pontífice Gregório mudou as regras do conclave em 1274. Ele estava determinado que a situação nunca mais aconteceria.
O pontífice decidiu que a partir daquela época os cardeais seriam trancados em um único quarto com um lavatório adjacente no palácio papal depois de 10 dias da morte de um papa.
Depois de três dias, se nenhum papa fosse eleito, eles seriam servidos apenas com um prato para almoço e jantar em vez de duas refeições. Depois de cinco dias, os cardeais receberiam apenas pão, água e um pouco de vinho até que chegassem a uma decisão.
Segundo conclave mais longo durou dois anos
Em 1294, 20 anos depois do conclave mais longo da história, os cardeais tiveram outro impasse que durou anos. Isso aconteceu quando a escolha levou mais de dois anos para definição do novo papa, em umas das escolhas mais curiosas da Igreja Católica.
Em 1292, após a morte do papa Nicolau IV, a Igreja ficou sem um líder temporariamente por 27 meses. O próximo papa só foi eleito em 5 de julho de 1294.
O impasse terminou quando o sacerdote Pietro Del Morrone, que vivia isolado fazendo jejum e orações em um monte no leste de Roma, profetizou que os cardeais seriam punidos por Deus se não chegassem a uma decisão em um prazo de poucos meses.
No fim das contas, os cardeais acabaram por votar no autor da profecia, o próprio sacerdote, para ser o novo papa.
Após ser eleito na casa dos 80 anos, Morrone entrou na cidade de L’Aquila, no centro da Itália, montado em um burro e escolheu o nome de papa Celestino V.
Porém, o trabalho como pontífice cheio de tarefas e burocracias não agradou o religioso que era acostumado a ficar sozinho. Por isso, ele decidiu abdicar do cargo depois de apenas alguns meses, no mesmo ano.
Celestino V foi o último papa a renunciar por vontade própria antes de Bento XVI, em fevereiro de 2013.
**Com informações da Reuters.
Por: CNN Brasil