“A coisa que mais amo no meu namorado é que ele não é acreano pois tenho asco de acreanos se deus quiser eu nunca mais vou precisar ter que olhar pra esse povo tão seboso (sic)”. Foi assim que uma – acredite se quiser! – acreana se referiu aos próprios conterrâneos na rede social X, antigo Twitter. O caso veio à tona na noite desta quarta-feira, 9, e a moça, estudante de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), é Assuria Mesquita, filha do secretário de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia, Assubarnípal Barbary Mesquita.
Os comentários são, no mínimo, impactantes. “Odeio tanto essa roça quando me formar vou estudar tanto pra passar numa residência que seja bem longe desse umbral e poder ser feliz sem ter acreanos estragando meu dia (sic)”.
Ela ainda fala sobre ser acreana como se fosse uma confissão: “eu sou acreana ok antes de algum ser mandar eu comer merda por estar falando absurdos (é apenas um desabafo de uma pessoa que nasceu e mora no acre)”. Assuria acrescenta: “precisamos de mais geneticistas aqui no acre pqp cada aberração que precisa ser estudada”.
A nota de retratação já foi emitida (leia completa abaixo). Assuria admite que cometeu um erro grave ao se manifestar na rede social “e é natural que as pessoas, especialmente quem, como eu, nasceu no Acre, se sintam atingidas ou ultrajadas”, escreve, usando, desta vez, as regras oficiais da língua portuguesa. “Confesso que estou profundamente arrependida e refletindo com seriedade sobre o impacto disso. Admito que me expressei de forma profundamente imatura e desrespeitosa”, enfatiza.
Atlética se manifesta
A Atlética Sinistra, do curso de Medicina da Ufac, veio a público manifestar repúdio contra o ato de Assuria. “Não compactuamos com manifestações que desrespeitam a dignidade humana, promovem a exclusão ou discriminam qualquer indivíduo ou grupo com base em sua origem, etnia, condição social, cultural ou qualquer outro marcador. Acreditamos em um ambiente universitário inclusivo, plural e respeitoso, onde a diversidade é força e não motivo de ataque” (leia a nota completa abaixo)
Ainda no texto, a atlética enfatiza que, como futuros profissionais da saúde, há o dever ético de zelar pelo bem-estar coletivo. “E combater todas as formas de preconceito, dentro e fora da universidade. A Medicina que escolhemos praticar é baseada na empatia, ciência e justiça social — e qualquer discurso contrário a esses princípios será veementemente rechaçado por esta instituição”.
Leia a nota de retratação
Nota de retratação
Eu cometi um erro muito grave ao me manifestar em rede social e é natural que as pessoas, especialmente quem, como eu, nasceu no Acre, se sintam atingidas ou ultrajadas.
Confesso que estou profundamente arrependida e refletindo com seriedade sobre o impacto disso. Admito que me expressei de forma profundamente imatura e desrespeitosa.
Sou profundamente grata por ser acreana e tudo o que consegui até o momento foi com apoio de minha família e de amigos que também são acreanos.
Não transfiro a ninguém a responsabilidade do dano que causei a mim e a terceiros e assumo o compromisso de buscar escuta, aprendizado e a corrigir minha atitude equivocada.
As palavras têm poder, e eu falhei no uso desse poder.
Portanto, peço desculpas sinceras à minha família, amigos e a todas as demais pessoas que feri.
Leia a nota de retratação da Atlética Sinistra
A Atlética Sinistra, entidade representativa dos estudantes de Medicina da UFAC, vem a público manifestar seu total repúdio a qualquer atitude, fala ou comportamento de cunho preconceituoso ao estado do Acre.
Não compactuamos com manifestações que desrespeitam a dignidade humana, promovem a exclusão ou discriminam qualquer indivíduo ou grupo com base em sua origem, etnia, condição social, cultural ou qualquer outro marcador. Acreditamos em um ambiente universitário inclusivo, plural e respeitoso, onde a diversidade é força e não motivo de ataque.
Como futuros profissionais da saúde, temos o dever ético de zelar pelo bem-estar coletivo e combater todas as formas de preconceito, dentro e fora da universidade. A Medicina que escolhemos praticar é baseada na empatia, ciência e justiça social — e qualquer discurso contrário a esses princípios será veementemente rechaçado por esta instituição.
Reforçamos nosso compromisso com a construção de uma comunidade acadêmica segura, acolhedora e livre de qualquer tipo de opressão.
Atlética Sinistra
Medicina UFAC