O caso da acreana Assúria Mesquita, estudante de medica da Universidade Federal do Acre (Ufac) que, nas redes sociais, fez postagens com ofensas direcionadas aos próprios conterrâneos, ganha mais um capítulo. É que o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Acre (DCE/Ufac), emitiu, nesta sexta-feira, 11, uma nota de repúdio contra as declarações da universitária.
No documento, o DCE enfatiza que, em um momento em que a luta por respeito, inclusão e valorização das identidades regionais deve ser fortalecidas, “é inadmissível que declarações carregadas de preconceito, desinformação e desprezo pela cultura acreana venham de alguém que integra uma instituição pública federal, sustentada pela sociedade que ela mesma ofende”.
O diretório enfatiza que xenofobia é crime. “Fere a dignidade das pessoas e perpetua desigualdades históricas que o movimento estudantil combate há décadas. Ao zombar da população acreana, a autora da publicação não apenas atinge a honra dos estudantes e moradores do estado, como também ignora o papel social o humano que a formação em saúde exige”
A nota enfatiza que a Ufac é um espaço de diversidade, pluralidade e construção coletiva. “Não compactuamos com nenhum tipo de discriminação – seja de origem, raça, gênero, orientação sexual, classe ou qualquer outra natureza”, diz, exigindo, ainda, que a Instituição tome medidas institucionais. E que o caso seja acompanhado pelas instâncias legais competentes”.
Ao final, o diretório ainda se solidariza com todos os estudantes e cidadãos acreanos que se sentiram atingidos. “Não nos calaremos diante de atos de ódio e intolerância. Lutamos por uma universidade pública, popular, democrática e antixenofóbica! Acre existe, resiste e se orgulha de sua história”.
Repercussão
Além do DCE/Ufac, outras instituições se posicionaram contra os comentários de Assúria. O primeiro foi o Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC), que emitiu, ainda nesta quinta-feira, 10, nota em que repudia as postagens feitas pela a acreana. No documento, o órgão classificou as publicações da jovem de 20 anos como “ofensivas” e pediu a abertura de procedimento para que o caso seja apurado de forma “rigorosa” e punido exemplarmente.
A própria Ufac também se manifestou: em nota a instituição comenta ter tomado conhecimento – com preocupação – das publicações realizadas pela discente. “Embora a manifestação seja de responsabilidade individual e sem vínculo com o ambiente institucional, a Ufac repudia de forma veemente qualquer forma de discriminação, reafirmando seu compromisso com os valores democráticos, os direitos humanos e o respeito à diversidade”.
Por fim, o Ministério público do Acre instaurou uma notícia de fato criminal contra a estudante que ofendeu os acreanos nas redes sociais, Assúria Mesquita, requisitando a abertura para apuração de crime de xenofobia.
Comentários contra os acreanos
Nas redes, Assúria não poupou críticas ao Acre. “Odeio tanto essa roça quando me formar vou estudar tanto pra passar numa residência que seja bem longe desse umbral e poder ser feliz sem ter acreanos estragando meu dia (sic)”. Ela também agradeceu por namorar uma pessoa que não é acreana. “A coisa que mais amo no meu namorado é que ele não é acreano pois tenho asco de acreanos se deus quiser eu nunca mais vou precisar ter que olhar pra esse povo tão seboso (sic)”.
Assúria Mesquita é filha do secretário de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia, Assubarnípal Barbary Mesquita, que também se posicionou sobre o assunto. Em nota de solidariedade divulgada nesta quinta-feira, 10, ele expressou apoio àqueles que se sentiram ofendidos e disse que a família não compactua com as palavras ditas por sua filha.