Ele pode ter até nascido em Bologna, na Itália, mas foi no Acre, em Sena Madureira – para ser mais específico – que fez história; afinal de contas, qual acreano não conhece Paolino Maria Baldassari? Nesta terça-feira, 8, completam-se nove anos de seu falecimento.
Paolino era membro da Ordem dos Servos de Maria, formada por frades que se dedicam a servir a Deus e à Virgem Maria. Como missão, eles prestam serviços à Igreja de Cristo; vivem a espiritualidade servita; inspiram-se em Maria; servem ao próximo e promovem a devoção a Nossa Senhora das Dores.
Paolino morreu em 2016, após uma parada cardíaca seguida de falência de outros órgãos. Ele estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto Socorro de Rio Branco. Ele tinha 90 anos e, por 46 deles, serviu à Sena Madureira, sendo considerado um personagem icônico ao município.
Beatificação e memorial
Paolino pode ser o primeiro religioso que atuou na Amazônia que pode ser beatificado, ou seja, ser reconhecido, pela Igreja Católica como uma pessoa que vivem de forma exemplar e que alcançou a “bem-aventurança no céu”. A beatificação é uma etapa do processo de reconhecimento da santidade de uma pessoa, que culmina na canonização.
Além disso, para se tornar um beato, é necessário que o candidato tenha um milagre atribuído a ele. No caso de Paolino, um homem diz ter se curado de uma doença neurológica autoimune, a Síndrome de Guillain-Barré. O caso está sendo analisado pelo Vaticano.
De acordo com o padre Antonio José Oliveira, representante do Tribunal Diocesano, o processo de beatificação de Paolino está na chamada fase diocesana, de auditoria dos fatos, dos relatos. Estamos ainda aguardando algumas respostas de pessoas para serem testemunhas. E queremos ver se a gente consegue passar dessa fase até maio”, explicou.
Ainda segundo Oliveira, após a fase da auditoria, passa-se a analisar o suposto milagre. “Aí se faz novamente uma outra auditoria”, reiterou, acrescentando ainda que, para ele, Paolino era um exemplo. “Uma pessoa que foi sempre muito querida. São todas essas coisas que nos levam a ter um grande respeito por esse padre, pelo seu testemunho, pelo seu serviço pela Igreja. É por isso que a Igreja, inclusive, está muito atenta, com os olhos virados para o Acre, para a Amazônia, para verificar o primeiro caso de beatificação na região”, enfatizou.
Paolino realizou inúmeros trabalhos religiosos em Brasiléia e Sena Madureira, sendo o principal responsável por mobilizar a comunidade, por exemplo, na construção de uma paróquia para a cidade. Inclusive, na própria paróquia construída com apoio de Paolino, foi inaugurado, em 2023, um memorial para o padre. O local conta com várias fotografias de Paolino em ações nos rios de Sena Madureira, mostrando principalmente as ações sociais realizadas pelo religioso.
A ideia do memorial é recordar, principalmente, os três pilares de Paolino: a eucaristia, o cuidado com os mais fracos e o amor ao evangelho.
Em 2017, a prefeitura do município de Sena Madureira instituiu o dia 8 de abril, data da morte do padre Paolino, como feriado municipal. Mesmo após sua morte, padre Paolino inspirou as pessoas a fazerem o bem.