Mais de 3 mil atendimentos médicos e odontológicos, 150 mil medicamentos distribuídos, 400 mamografias realizadas e cinco núcleos de saúde indígena implantados. Esses são alguns dos números que refletem os avanços da atenção à saúde indígena no Acre, um dos estados com maior diversidade étnica do país. As ações vêm sendo conduzidas por meio de articulações entre os governos estadual e federal, Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), Forças Armadas e secretarias municipais.
A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) tem ampliado a presença dos Núcleos Ampliados de Saúde Indígena (NASI) nas unidades hospitalares. Hoje, cinco núcleos já estão em funcionamento, com a meta de chegar a 12. O objetivo é criar espaços que respeitem as especificidades culturais dos povos originários, oferecendo atendimento integral e humanizado.
“Esses núcleos representam uma conquista importante. Estamos empenhados em habilitar todas as unidades e ampliar o acesso à saúde em cada território indígena do Acre”, afirmou o secretário de Saúde do Estado, Pedro Pascoal.
O núcleo mais avançado está localizado no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, em Cruzeiro do Sul, já com plano pronto e em trâmite para aprovação no Ministério da Saúde.
A Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), em Rio Branco, segue como referência para mais de 150 aldeias dos DSEIs Alto Rio Purus e Juruá. Mensalmente, a unidade acolhe entre 80 e 100 pacientes, oferecendo serviços de enfermagem, nutrição, fisioterapia e assistência social. Uma das ações mais simbólicas ocorreu em janeiro de 2024, com a entrega de aparelhos de TV pela Fundhacre, promovendo bem-estar durante o tratamento.
Atendimento em áreas remotas: entre rios e céu
Em regiões de difícil acesso, ações aéreas e fluviais têm garantido atendimento. Em março de 2025, o Navio de Assistência Hospitalar Doutor Montenegro, da Marinha do Brasil, chegou a comunidades da etnia Ashaninka, superando desafios logísticos e garantindo acesso a exames, consultas e medicamentos.
Além disso, o uso do helicóptero do Ciopaer, em parceria com o SAMU, tem possibilitado remoções emergenciais de crianças, gestantes e pacientes graves, evitando deslocamentos longos por rios ou trilhas e ampliando a chance de recuperação.
Logística e resposta às crises
Durante as queimadas de 2024, a presença da Força Nacional do SUS (FN-SUS) no estado foi essencial para fortalecer a logística de entrega de vacinas, medicamentos, água potável e alimentos às aldeias. A ação também avaliou a capacidade de resposta da rede de saúde diante de eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes na região.
Esses avanços, somados às estratégias locais e ao reconhecimento das necessidades culturais e sociais dos povos originários, revelam um cenário em que a saúde indígena no Acre caminha para se tornar mais inclusiva, resolutiva e respeitosa com a diversidade que forma a identidade do estado.