A saudade é uma dor que o afeto que transformou em prazer, sentimento que punge e só o tempo resolve.
Assim demudamos e seguimos adiante como o vinho que volta à memória por nenhum outro motivo senão porque o afeto é imorredouro, nós o criamos quando abrimos a intimidade e nos reunimos transformamos em luz para ver com nitidez a expressão dos rostos amados e inesquecíveis.
Uma autobiografia em que se conta a vida do espírito para explicar a atividade do pensamento, não no registro de uma teoria do conhecimento na qual descrevemos o funcionamento do cérebro, pois experimentamos a nós mesmos como sujeito da história.
A uniformidade é uma perversão que se comete contra o ser humano, funcionando como uma bitola a uniformidade tolhendo os instintos que poderiam nos levar para bem além do homem satisfeito consigo mesmo, a uniformidade escraviza porque limita a lógica à repetição, mudamos para acorrentar a criatura ao ser.
Atravessamos o mar, na travessia o afeto que criamos com muito sofrimento acompanha o desenvolvimento e conquista a liberdade.
Voltamos os olhos para o entendimento na tentativa de construir o consenso, o que só pode ser alcançado quando compreendemos a individualidade de cada um.
Descartes disse ter encontrado a glândula pineal pendurada e balançando. Nietzsche escreve na Gaia ciência que a linguagem surge da necessidade de comunicação, precisamos exprimir o que sentimos senão morremos entalados, podemos imaginar a angústia de alguém que busca a palavra e não a encontra, tal foi o alívio que as línguas modernas sentiram com a palavra desenvolvimento que faltava no vocabulário dos antigos.
O vocábulo é uma invenção que ultrapassa a necessidade pura e simples, podemos compreender as transformações sociais que deram ao interesse um sentido para o pensamento, pois eu pensava e ficava presa no eu, uma vez que a comunicação me tirou de mim eu encontrei o outro que me questiona o entendimento.
Nas aulas de “Introdução à filosofia” pude testemunhar o filósofo compreendido enquanto tal, não porque passa o tempo meditando como que recolhido no nada e afastado da realidade; o silêncio melhor ouvimos caminhando pelas ruas e experimentando a vida, trata-se de um silêncio que ouvimos no mais íntimo do nosso ser.
A admiração que tenho por filosofia começou com Tobias Barreto, eu penso que admirando nos misturamos dentro para participar da felicidade dos deuses, vivemos a vida tão intensamente que roubamos os louros dos mestres.
Valores são grandezas que se misturam na linguagem e dão às palavras a força que o discurso não tem, senão quando estão pautados pelo direito que se define como um sentimento e como um conceito.
Desenvolvemos o sentido através da interpretação que se coloca diante de outras interpretações para alcançar a compreensão.
A memória é regida pelo afeto que atravessa o tempo organizando o movimento, o sentido se desenvolve livremente, o passado com as lembranças que sentimos e somos tomados pelo amor que se sente como a única força capaz de compreender o homem para além da mulher, bem próxima a Deus.