Após um prontuário da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), divulgado pela TV Globo, revelar que MC Poze do Rodo firmou o Comando Vermelho (CV) como sua “ideologia declarada”, sua esposa, Viviane Noronha, manifestou indignação nas redes sociais. Segundo ela, Marlon Brendon Coelho Couto da Silva, de 26 anos, não teria outra opção, já que é “cria da comunidade”. O MC é investigado por associação com o tráfico e apologia ao crime.
“Ele é cria de uma comunidade, não tem culpa de o sistema ser dividido. Vocês, sendo cria de uma comunidade, escolheriam o quê?”, questionou Viviane, em seu Instagram, nesta sexta-feira.
Preso na quinta-feira durante uma ação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil, o funkeiro respondeu à Seap que sua “ideologia declarada” é o Comando Vermelho. A informação consta no prontuário penitenciário, um protocolo padrão que todos os detentos precisam preencher ao entrar no sistema prisional do estado.
Segundo a Seap, MC Poze do Rodo foi custodiado em Bangu 3, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio, unidade onde ficam presos ligados ao Comando Vermelho. Ainda de acordo com o órgão, ele afirmou “não ter problemas em conviver com a facção”.
No Instagram, Viviane, que acumula 2,3 milhões de seguidores, expressou sua insatisfação com as críticas à escolha da unidade prisional e à declaração ideológica do marido.
“Marlon é cria da onde? Ele vai fazer o quê? Para onde mais ele iria? Esse é o procedimento padrão, ele precisa ir para algum lugar. Isso acontece com todo mundo, mas o Marlon é famoso e está sendo humilhado”, disse.
Durante toda a operação da Polícia Civil para prender o cantor, Viviane Noronha — que também é empresária e influenciadora — acompanhou o marido até a viatura. Logo após a prisão, Vivi, como é conhecida, publicou uma série de fotos e vídeos em seu perfil no Instagram. Na legenda, escreveu apenas: “MC NÃO É BANDIDO”. As imagens mostram momentos do casal junto e em família, inclusive ao lado dos filhos. Um dos vídeos traz um trecho de uma apresentação do funkeiro, cercado pelo público.
Em novembro do ano passado, a influenciadora foi alvo da operação Rifa Limpa, que investigava sorteios ilegais divulgados nas redes sociais. Na ocasião, a casa do casal, na Zona Oeste, foi alvo de mandados de busca e apreensão, mas Vivi não foi presa. A ação teve como objetivo apreender documentos que comprovassem fraudes nos sorteios e nos bens supostamente entregues aos ganhadores
Segundo a investigação, os suspeitos usavam os parâmetros da Loteria Federal para dar uma aparência de legalidade aos sorteios. No entanto, não havia nenhum processo oficial de auditoria para confirmar quem realmente ganhava. A polícia aponta que eles utilizavam um aplicativo customizado com indícios de fraude, o que tornaria a prática ilegal.
Prisão de Poze
Marlon Brendon Coelho Couto da Silva, de 26 anos, o MC Poze do Rodo, investigado por associação com o tráfico e apologia ao crime, foi preso em casa, num condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte, chegou ao local algemado, sem camisa e descalço, conduzido de cabeça baixa por dois policiais.
No mesmo dia, Poze passou por audiência de custódia, e a Justiça manteve sua prisão temporária por 30 dias.
Em nota, a Seap informou que, na prisão, durante os procedimentos de triagem, o Poze declarou não ter problemas em conviver com a facção criminosa Comando Vermelho (CV). Em razão disso, foi direcionado à unidade prisional onde estão custodiados outros membros da mesma facção.
‘Ideologia declarada’
O documento citado é um formulário de identificação interna preenchido por todos os presos ao ingressarem no sistema penitenciário do Rio. Ele é elaborado pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e reúne informações básicas sobre o detento, como dados pessoais, circunstâncias da prisão e vínculos com organizações criminosas.
Um dos campos mais sensíveis do formulário é o chamado “ideologia declarada”, no qual o preso deve informar se tem ou não ligação com alguma facção criminosa. A Seap usa essa informação para definir onde o detento será custodiado, com o objetivo de evitar conflitos entre membros de grupos rivais. O documento oferece nove opções de resposta, entre elas: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP), Amigos dos Amigos (ADA), milícia, neutro, entre outras.
No caso, Poze marcou a opção CV.
Veja as opções do formulário apresentadas ao MC:
- Neutro — sem facção;
- ADA — Amigo dos Amigos;
- TCP — Terceiro Comando Puro;
- CV — Comando Vermelho;
- Milícia — qualquer grupo paramilitar;
- federal ou estrangeiro;
- servidor ativo;
- ex-servidor;
- LGBTQIA+.
No entanto, o prontuário também solicita outras informações sobre o detento, como se possui necessidades especiais, se tem nível superior, se é idoso, se está hospitalizado ou se é considerado de alta periculosidade.
O documento ainda destaca o motivo da entrada do preso no sistema, que pode ser: prisão preventiva, em flagrante, por evasão, regime semiaberto, aberto ou outros. No caso do MC, foi assinalada a opção “temporária”, com o adendo de 30 dias.
Por Extra