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Fanáticos religiosos queriam ‘purificar’ show de Lady Gaga com bombas e morte de LGBTs

Fanáticos religiosos queriam 'purificar' show de Lady Gaga com bombas e morte de LGBTs

Foto: Buda Mendes/Getty Images

Uma trama macabra, alimentada por discursos extremistas e delírios religiosos, quase transformou um dos maiores eventos musicais do ano, que reuniu mais de 2 milhões de pessoas, em um cenário de horror. A Polícia Civil do Rio de Janeiro desmantelou um plano de atentado a bomba que seria executado durante o show da cantora Lady Gaga, em Copacabana, na noite desse sábado, 3, descortinando uma rede digital de ódio que mirava crianças, adolescentes e o público LGBTQIA+ com motivações terroristas e supostos rituais satânicos.

O ponto de partida das investigações foi o monitoramento de grupos virtuais onde participantes compartilhavam planos violentos disfarçados de “desafios” e “provações”. O líder desse coletivo, identificado como um homem com histórico de publicações extremistas, prometia executar um “sacrifício ritual”, supostamente em resposta àquilo que ele alegava ser “influência satânica” da artista.

Em ação coordenada com o Ministério da Justiça, a operação envolveu unidades especializadas em crimes cibernéticos, infância e juventude e antiterrorismo, mobilizando agentes em quatro estados brasileiros. A ação resultou em mandados de busca e apreensão contra nove pessoas. Entre os alvos, estavam um adolescente que armazenava pornografia infantil no Rio de Janeiro e um homem preso em flagrante por porte ilegal de arma no Rio Grande do Sul.

Segundo fontes da investigação, o grupo usava plataformas online para aliciar jovens e promover a radicalização por meio de conteúdos de violência, incitação ao suicídio, pedofilia e teorias conspiratórias religiosas. “Não se trata apenas de discurso de ódio, mas de uma tentativa concreta de promover terror simbólico e físico em massa”, afirmou a polícia do RJ.

O mais alarmante, dizem os agentes, foi a descoberta de planos que envolviam o uso de artefatos explosivos improvisados, como coquetéis molotov, com instruções compartilhadas em chats privados. A motivação, ainda segundo os investigadores, misturava fanatismo, desejo de notoriedade e uma crença deturpada em “missões purificadoras”.

O suspeito que alegava estar em “guerra espiritual” contra Lady Gaga foi localizado em Macaé, no Norte Fluminense, onde admitiu sua intenção de realizar o ataque durante o show. Ele responderá por terrorismo e induzimento ao crime, e poderá ser enquadrado mesmo sem que o atentado tenha sido executado, já que a legislação brasileira considera os atos preparatórios como puníveis.

A operação foi batizada de Fake Monster em uma referência direta ao nome do fandom da cantora, Little Monsters.

Fonte: Metrópoles

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