A primeira importante reunião do GCF Task Force de Rio Branco foi realizada nesta segunda, 19, com representes de comunidades indígenas e tradicionais de diversos países. O Comitê Global é o espaço de diálogo entre povos nativos e os governadores dos 43 estados subnacionais das 11 nações que integram a Força-Tarefa para o Clima e as Florestas.
As boas-vindas aos visitantes foi dada pela secretária extraordinária de Povos Indígenas, Francisca Arara, que também é presidente do Comitê Global. A gestora pautou os temas mais importantes do encontro.
“Estamos reunidos para institucionalizar essa organização internacional, para que possamos captar recursos e realizar as nossas atividades. Com essa captação, poderemos dar maior apoio às culturas originárias, à gestão dos territórios indígenas e a alternativas de trabalho para as mulheres. Esse é um caminho para a nossa autonomia”, afirmou.
E completou: “Temos que nos juntar, principalmente agora, para o enfrentamento e a adaptação às mudanças climáticas que estamos vivenciando. Isso representa a possibilidade de dar um apoio às comunidades para a melhoria dos recursos hídricos, a segurança alimentar e o fortalecimento das culturas indígenas através dos seus festivais”.
Leonardo Carvalho, secretário de Estado de Meio Ambiente, ressaltou a amplitude do encontro com representantes dos Estados Unidos, México, Peru, Colômbia, Equador, Indonésia e de diferentes comunidades tradicionais do Brasil.
“Esta reunião mostra a importância dos povos indígenas e das comunidades tradicionais para as políticas públicas de meio ambiente e mudanças climáticas. É também uma oportunidade para que esses povos possam apresentar os problemas que enfrentam nas suas comunidades e as soluções que esperam para esse enfrentamento”, disse.
O secretário revelou ainda a orientação dada pelo governador Gladson Camelí para toda a sua equipe de gestão que coordena os trabalhos do GCF Task Force. “O governador nos instruiu para apresentarmos aos visitantes as políticas públicas de meio ambiente do Acre que são pioneiras no mundo. Também nos deu liberdade para debater as demandas dos estados subnacionais que vamos levar para a COP 30, em Belém, no Pará. Este é um momento para mostrarmos como os estados podem contribuir nesse desafio global para diminuir a temperatura do planeta”, analisou.
Dando voz aos povos das florestas
Durante a reunião, muitos representantes de comunidades indígenas se manifestaram sobre as prioridades para os seus povos seguirem na luta pela preservação das florestas.
Presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Toya Manchineri avaliou que o debate sobre o REDD Jurisdicional e os créditos de carbono representa uma alternativa de inclusão econômica e social para as comunidades originárias.
“A futura repartição desses recursos provenientes do REDD Jurisdicional deverá fortalecer as ações que as comunidades indígenas já vêm fazendo. Como a proteção dos nossos territórios e o não desmatamento para cessar a emissão de gazes de efeito estufa”, refletiu.
Para o indígena, é relevante que esse debate seja realizado no Acre, que é referência mundial em políticas de meio ambiente: “Nós, como movimento indígena da Amazônia brasileira, estamos trabalhando para que os estados reconheçam as demarcações dos nossos territórios como um fator importante para o enfrentamento das mudanças climáticas”.
O mexicano Gustavo Sanchez, presidente de uma rede de organizações de florestas comunitárias da América Central, falou sobre a importância da GCF Task Force para todos os povos indígenas dos continentes americanos.
“Atualmente estão em curso muitas estratégias para frear as causas das mudanças climáticas. A GCF é exatamente um espaço para o debate sobre a redução do desmatamento e de emissões de gazes com a degradação do meio ambiente. Acredito que para essas estratégias darem resultados é preciso desenvolver capacidades técnicas e uma participação plena dos povos indígenas nesse processo”, afirmou Sanchez.
Entre participantes de várias partes do mundo no encontro, foi notável a presença de Syahrina Dyah, vinda de Jacarta, que viajou praticamente dois dias para chegar a Rio Branco. Usando o típico véu muçulmano, o hijab, a jovem e simpática Syaharina não escondia a satisfação de estar na Amazônia Brasileira para transmitir a mensagem do seu país.
“A minha participação nesse evento mostra como a Indonésia está comprometida com as causas ambientais. Um dos grandes problemas que enfrentamos no nosso país é o desmatamento. A solução que contemplamos é o reflorestamento e as mudanças das plataformas energéticas. O nosso governo está apoiando as províncias para encontrarem saídas para obtenção de energia limpa e renovável”, resumiu Syahrina.