A Polícia Civil investiga quais foram as possíveis causas e eventuais responsabilidades pela morte da atriz mirim Millena Brandão em São Paulo. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (5) ao g1 por meio de nota divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
“O caso é investigado pelo 101º Distrito Policial (Jardim Imbuias), que instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias da ocorrência, registrada como morte suspeita. Laudos periciais foram requisitados e estão em andamento para análise da autoridade policial”, informa o comunicado.
Millena sentiu fortes dores de cabeça por nove dias e passou por uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) municipal e dois hospitais estaduais nesse período. Ela teve a morte encefálica confirmada na última sexta-feira (2) pelo Hospital Geral do Grajaú, onde ficou internada. Tinha apenas 11 anos.
A delegacia abriu inquérito para apurar o que ocorreu com a menina após os pais dela registrarem boletim de ocorrência no sábado (3). Em entrevista ao g1, eles informaram que querem que a polícia investigue a UPA e os hospitais e suas equipes médicas por suposta negligência durante o atendimento que prestaram a Millena (saiba mais abaixo).
A equipe de reportagem também conversou com o advogado Antonio Carlos Toninho, que defende os interesses dos pais da atriz.
“Por ora, estamos respeitando o luto da família. Já estamos direcionando os próximos passos. Antes de tomar qualquer decisão, estamos revisitando todos os fatos, levantando todos os documentos. Essa semana irei me reunir com a família para pontuar todo o ocorrido”, disse Toninho. “De todo modo, pontuo que tudo será feito conforme o desejo da família.”
Segundo Thays e Luiz Brandão, teria havido uma série de situações questionáveis, desde diagnósticos imprecisos e falhos até a falta de informação sobre o que de fato causou a morte da filha deles. A criança passou ainda pelo Hospital Geral Pedreira e pela UPA Maria Antonieta. Nesse vai e vem em unidades médicas, ela chegou a ser atendida e orientada a tomar dipirona e voltar para casa para descansar.
Inicialmente, os médicos acharam se tratar de dengue, que foi descartada após um exame. Depois, identificaram infecção urinária. E, por último, após uma tomografia já no último hospital, suspeitaram de um possível tumor cerebral, ainda não confirmado (veja a primeira foto desta reportagem, que mostra o cérebro de Millena).
A criança foi enterrada no domingo (4) num cemitério da Zona Sul sob forte comoção popular. Sua morte repercutiu nas redes sociais.
“Os médicos ainda não disseram o que realmente minha filha teve e o que a matou”, disse Thays em entrevista ao g1, no sábado. Ela e Luiz também são pais de uma menina de 2 anos. “Não sabemos o que a matou”.
Na declaração de óbito de Millena consta a expressão “morte a esclarecer” e que estão sendo aguardados “exames complementares”. “Ficou um ponto de interrogação”, afirma a mãe.
Por meio de notas, as secretarias da Saúde municipal e estadual já tinham informado no sábado que haviam aberto sindicâncias internas para apurar se houve alguma irregularidade por parte das equipes médicas no atendimento a Millena. As pastas, no entanto, não responderam ao g1 qual era o problema de saúde da paciente nem a causa da morte dela.
Caberá ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) apontar o que provocou a morte de Millena. O resultado será levado para conhecimento dos pais e da investigação policial. Para Thays e Luiz, a causa da morte dará uma resposta para essa dúvida que não os deixa vivenciar o luto. Para a polícia, poderá responder se ocorreram falhas no atendimento à paciente.
O g1 teve acesso ainda à declaração de óbito, com informações escritas à mão por um médico do último hospital por onde ela passou, descrevendo que a menina teve “morte súbita, sem causa determinante aparente”.
Por: G1 SP