O Alzheimer afeta milhões de pessoas em todo o mundo, comprometendo a memória, o raciocínio e a autonomia de quem convive com a doença. Um novo estudo aponta que o tempo que adultos mais velhos passam sentados pode estar relacionado à piora da saúde cerebral e ao risco de desenvolver a condição.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Pittsburgh e do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, ambos nos Estados Unidos, pessoas que passam muitas horas do dia sentadas — mesmo aquelas que fazem exercícios regularmente — têm maior probabilidade de apresentar declínio cognitivo e encolhimento em áreas do cérebro envolvidas com a memória e o raciocínio.
O estudo foi publicado na última terça-feira (13/5), na revista Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association. O trabalho foi financiado pela Associação de Alzheimer e pelo Instituto Nacional do Envelhecimento dos EUA.
Mais tempo parado, mais risco cerebral
A pesquisa acompanhou 404 adultos com 50 anos ou mais, todos participantes do Projeto Vanderbilt de Memória e Envelhecimento. Cada um deles usou, por sete dias, um dispositivo no pulso que mediu continuamente o nível de atividade física.
Com esses dados, os cientistas puderam avaliar com precisão o tempo que cada pessoa passou em comportamento sedentário, isto é, sentada ou deitada, em repouso.
Ao longo de sete anos, os pesquisadores compararam essas informações com exames de ressonância magnética do cérebro e testes de cognição realizados periodicamente.
Os resultados revelaram que pessoas que passaram mais tempo em repouso apresentaram maior risco de alterações cerebrais associadas à doença de Alzheimer. Essas mudanças ocorreram mesmo entre aquelas que praticavam exercícios físicos regularmente.
“Reduzir o risco de Alzheimer não se resume a fazer exercícios uma vez por dia. Mesmo quem se exercita deve evitar passar longos períodos sentado”, afirmou Marissa Gogniat, professora de neurologia na Universidade de Pittsburgh e principal autora do estudo, em comunicado.
Maior impacto para quem já tem risco genético
As associações entre sedentarismo e neurodegeneração foram ainda mais fortes entre os participantes que carregavam o alelo APOE-e4, uma variação genética já conhecida por aumentar o risco de Alzheimer. Ou seja, permanecer muito tempo sentado pode ser especialmente prejudicial para quem já tem predisposição genética à doença.
“Nosso estudo mostrou que reduzir o tempo sentado pode ser uma estratégia promissora para prevenir a neurodegeneração e o subsequente declínio cognitivo. É fundamental para a saúde cerebral fazer pausas ao longo do dia e se movimentar para aumentar nosso tempo ativo”, escreveram os autores.
A professora de neurologia Angela Jefferson, coautora do artigo, reforçou a importância de olhar para os hábitos cotidianos. “É fundamental estudar as escolhas de estilo de vida e o impacto que elas têm na saúde cerebral à medida que envelhecemos”, destacou.
Por: Metrópoles