O Acre fez parte da trajetória de Sebastião Salgado, considerado um dos fotógrafos mais importantes do mundo, que morreu aos 81 anos nesta sexta-feira, 23. Em 2016, ele esteve em comunidades indígenas do estado, onde registrou cenas marcantes da vida cotidiana de povos tradicionais.
As imagens ganharam projeção nacional e internacional anos depois, ao integrarem a aclamada exposição Amazônia, realizada no Sesc Pompeia, em São Paulo, em 2022.
Na ocasião, a mostra foi prestigiada por lideranças indígenas de diferentes regiões do país, incluindo representantes acreanos, que foram até a capital paulista na véspera do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril.

Com sua câmera, Salgado percorreu terras como a Kampa do Rio Amônea e a Terra Indígena Rio Gregório. Entre os retratos feitos no estado estão:
- Yara, com enfeites de cabelo de sementes e penas de arara, filha mais velha de Wewito Piyãko e Auzelina. Os desenhos em seu rosto indicam que a menina ainda não está noiva (Terra Indígena Kampa do Rio Amônea);
- Alzira Yawanawá, fotografada na aldeia Mutum (Terra Indígena Rio Gregório);
- Onãtxo e Thõwero, filha e neta de Winko, acompanhadas de crianças pequenas (Terra Indígena Kampa do Rio Amônea).
Em uma publicação feita em abril de 2022, Sebastião Salgado descreveu a experiência no Acre e em outras regiões da floresta:
“Seja vista do céu ou do chão, a Amazônia sempre me encheu de admiração. Nem palavras nem fotografias conseguem transmitir plenamente a sensação de estar diante da força e majestade absolutas da natureza. Igualmente inesquecível foi o sentimento de intimidade que experimentei ao passar semanas seguidas com diferentes tribos. Senti-me privilegiado por poder compartilhar seu tempo e espaço, primeiro aprendendo pacientemente a ser aceito, depois registrando silenciosamente suas vidas cotidianas. Assim, pude sentir e transmitir sua gentileza.”
Ainda segundo ele, o maior desejo era que essas imagens não se tornassem, no futuro, apenas um registro de um mundo que desapareceu. “A Amazônia precisa continuar viva – e, sempre em seu coração, seus habitantes indígenas”, escreveu.
O vínculo com o Acre também foi reconhecido institucionalmente. Em 2016, Salgado recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Acre (Ufac), em reconhecimento à sua contribuição para a valorização da Amazônia e de seus povos.
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