A criação de um programa de atenção e orientação às mães atípicas em Rio Branco foi tema de audiência pública na manhã desta segunda-feira, 12, na Câmara dos Vereadores. Proposto por Felipe Tchê (PP), o evento reuniu parlamentares, mães de crianças autistas e representantes do Ministério Público do Estado (MPAC) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Acre.
A audiência debateu o projeto de lei 37/2025, apresentado por Tchê no início de abril e que visa oferecer suporte psicológico, jurídico e assistencial às mães ou responsáveis por crianças e adolescentes com autismo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, síndrome de Down, dislexia, síndromes raras, entre outros transtornos do desenvolvimento.
A matéria, que já foi aprovada na Casa e agora seguirá para sanção do prefeito Tião Bocalom (PL), prevê, entre outros pontos, a criação de centros de referência para atendimento especializado voltados a mães atípicas. Além disso, defende prioridade para essas mães em serviços de saúde, assistência social e educação.

Outro ponto é a promoção de campanhas de sensibilização e informação sobre a maternidade atípica. Para garantir o acesso aos benefícios do programa, deverá ser criado ainda um cadastro municipal para essas mães.
“Esse é um tema que sensibiliza a todos e sobre o qual precisamos avançar. A proposta visa garantir direitos básicos e também fortalecer a autonomia e dignidade dessas mulheres. O investimento em políticas públicas voltadas às mães atípicas reduz custos futuros com saúde pública, assistência social e previdência, pois evita quadros de depressão severa, pobreza extrema e exclusão social”, afirmou o vereador Felipe Tchê.
Dados do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência apontam que, no Acre, 64 mil pessoas vivem com algum tipo de privação sensorial, física ou intelectual. Mãe de três crianças autistas, Adjayna Santos participou da audiência pública e apresentou a seguinte reflexão: “quem cuida de quem cuida?”.
“Tem gente que nunca vai entender o que é passar a noite em claro. Não por insônia, mas por lutar para manter o lar em pé. A gente move montanhas, mesmo com a alma quebrada. E não se trata de força física, mas resistência emocional. Ser mãe atípica é pedir forças todos os dias a Deus e esquecer de si mesmo para que os filhos tenham o melhor”, disse, emocionada.
Ela clama ao poder público que olhe com mais cuidado para as mães de atípicos, que, assim como os filhos, também necessitam de cuidados para que continuem sendo o porto seguro para seus pequenos.

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