“Vergonha”. “Ilegítima”. “Manobra”. Assim a oposição na Câmara de Rio Branco classificou a retomada, às pressas, da sessão de quarta-feira, 14, para votação do projeto de lei, de autoria da prefeitura, que pede aos vereadores autorização para empréstimo de R$ 67 milhões para renovação da frota de ônibus da capital.
A sessão no parlamento-mirim havia sido suspensa pela manhã para os parlamentares esgotarem as discussões acerca da matéria, conforme explicou o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), vereador Aiache (PP). Na ocasião, a informação repassada à imprensa foi de que os trabalhos na Casa retornariam somente no dia seguinte.
Vereadores de oposição e alguns da base questionavam a ausência, no projeto, de informações sobre quem irá gerir os mais de 50 novos ônibus a serem adquiridos pela prefeitura com o crédito firmado junto à Caixa Econômica Federal.
André Kamai, do PT, explicou quais esclarecimentos o município não teria prestado ao parlamento: “Nós não sabemos se essa frota será entregue a uma empresa, se a prefeitura vai criar uma empresa pública para fazer o gerenciamento e de onde virão os custos para cobrir a manutenção dos ônibus. Enfim, nós só estamos pedindo que a gestão nos dê as informações técnicas sobre a operação desses equipamentos”.
Porém, por volta das 15h, o presidente Joabe Lira (União Brasil) mobilizou, os vereadores para retomarem a sessão, ocasião em que o projeto foi aprovado.
Os cinco nomes de oposição não compareceram, em protesto contra a quebra do acordo feito pela manhã de que as discussões seriam exauridas na quinta, 15, para só depois votarem o PL.
“Esta casa ontem sangrou a democracia, ela retirou o debate legítimo, e o sentimento que nós temos aqui é que fomos enganados pelo presidente”, protestou Eber Machado, do MDB.
Neném Almeida, do mesmo partido, subiu o tom. “Nós queremos que a população saiba o que realmente está acontecendo. Da maneira que foi feito, parece que veio um ladrão roubar a população, que é a que mais precisa”.
Kamai seguiu a mesma linha ao criticar a condução dos trabalhos na sessão “relâmpago”: “O que a base do prefeito fez foi retirar o povo do debate. Votaram no escuro, sem qualquer transparência, sem um único documento que indique como esses ônibus serão geridos ou para onde irão. Não somos contra o empréstimo. Somos contra a falta de transparência com o dinheiro público”.
O presidente Joabe Lira se defendeu das acusações de manobra. “A oposição tem participado de todos os debates, todos sabiam da audiência desse projeto e todos foram convidados para vir”.