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Ignorância da eficácia

Com a chegada do frio todas as autoridades de Saúde do país reforçaram alerta para o aumento no número de casos de síndromes respiratórias agudas graves.
E o que faz a população?
Desconsidera, diz que é mentira, invenção, jogo político e o pior, afirma que NÃO VAI TOMAR VACINA.

A vacina contra a gripe é distribuída no mundo desde a década de 30, ou seja, século passado.
A gripe é uma doença que nunca será erradicada pois o virus é extremamente mutável, a cada minuto surge nova cepa.
A vacina que recebemos hoje é um combinado dos vírus que circularam no mundo no ano anterior, de modo que já chega atrasada. Não há maneira ainda de resolver esse impasse mas, podem acreditar, os cientistas trabalham nisso e haverá um momento em que assim que surgir nova cepa, ela será imediatamente incorporada à vacina.

“Ain, mas é muito rápido, não pode”!
Não pode por que? Acaso seu atual computador não é mais rápido que o seu primeiro? Seu celular não está mais equipado? Drones, foguetes, ressonância magnética, nanotecnologia, inteligência artificial, vc reclama disso?
E a extraordinária semaglutida (Ozempic), lançada para tratar diabetes tipo 2 e que mocinhas incautas tomam alegremente pra perder 2kg sem pensar nas consequências, alguém reclama?
Por que então reclamam quando os avanços tecnológicos atingem as vacinas?

“Ain, mas toda hora surge uma vacina nova, querem nos matar”.

Se temos acesso a diagnósticos mais precisos e deciframos os patógenos que causam muitas doenças, devemos ficar inertes?
Digamos, por exemplo, que venhamos a descobrir um vírus que cause calvície, intolerância ao glúten, artrose nos dedos e prurido anal. Vamos ficar quietos só olhando e vendo os infectados fazendo dietas radicais, todos carecas e se coçando com os dedos entrevados? Ou vamos investir numa vacina contra esse suposto vírus?
Pois é assim que funciona. Ate o século 18 metade dos nascidos vivos morriam de varíola sem terem nem ideia do que os matava. Hoje sabemos que se trata de um vírus, e com as vacinas a doença foi erradicada.
O que mudou? Apenas nosso acesso a mais tecnologia, o que nos permite identificar doenças e suas causas com mais rapidez e precisão.
Mas muitos vivem ainda em 1793, quando se queimava em fogueiras quem apoiava vacinas.

“Ain, mas a China, o Bill Gates, a Big Pharma e os políticos querem nos matar”!

Argumentos idiotas! Matar os financiadores de suas fortunas? Os consumidores? Os que garantem o futuro da humanidade? e a continuidade do sucesso de seus descendentes? Matar pra que? Isso os tornará imortais? Quem sabe o tio Bill queira exterminar com todo mundo pra reinar sozinho no deserto per secula seculorum… amém!

“Ain, mas tem jovem morrendo de mal súbito”.

Ora, é acaso não morriam antes? Todos viviam plenos e felizes até 100 anos?
Ah, mas leram na Bíblia, Sara pariu aos 90, o maridão tinha 100 e viveu até 175 sem vacinas, o que prova a inutilidade delas.
Esquecem de comentar o incremento de doenças cardio vasculares provado por todas as estatísticas desde o final da década de 90. Esquecem de mencionar os fatores de risco, todos pra lá de conhecidos. Esquecem que morte súbita, tema desconhecido ate outro dia hoje é assunto preferido na internet, morre um jovem na Eritreia, no Burundi ou na Coreia do Norte, imediatamente ficamos sabendo e lá vem logo o comentário: foi a picadinha venenosa.
Nunca puseram os pés num hospital, nunca acompanharam mortes ao vivo e em cores e acham que só depois das vacinas da CoVid as pessoas morrem de mal súbito. Sabem nada, inocentes.

“Ain, eu sempre tomava vacina da gripe mas ESSA é diferente”!

Importante é entender que a cada ano o vírus muda e a vacina que tomamos hoje é diferente das que recebemos em anos anteriores. Não é pior, ao contrário, é a adequada aos vírus circulantes.

“Ain, mas a vacina é fake, dizem que é contra a gripe mas misturaram também com a vacina da CoVid”.

Esse é o maior crime contra a vacina anti gripe, caras que divulgam isso deveriam ser processados. Não existe essa possibilidade, vacina é coisa séria e ninguém vai aplicar uma fingindo ser outra. Gripe e CoVid são causadas por vírus diferentes, não são sequer aparentados. E qualquer país do mundo, ao aplicar uma vacina visa não só a proteção da população contra aquela doença mas também o seguimento, as estatísticas que poderão avaliar parâmetros de comparação na evolução da doença entre vacinados e não vacinados e as perspectivas de futuro. É trabalho sério e responsável sobre o qual são arquitetados os programas de saúde dos próximos anos, inclusive com cálculo das divisas necessárias.
Hoje em dia temos já várias vacinas “misturadas” como por exemplo a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Isso é um avanço na tecnologia de fabricacao de vacinas já que quanto mais vírus num frasco menos picadas no bebê, mas até agora cientistas não encontraram possibilidade de conter o vírus da CoVid-19 combinado a qualquer outro numa vacina só, a questão é apenas técnica. Se vc quiser ser imunizados contra Gripe E CoVid terá que se submeter a duas picadinhas, uma em cada braço.
Mas, aguardem, estão pesquisando com empenho e logo mais teremos a vacina combinada CoVid/Gripe, será mais um avanço da Medicina.

“Ain, mas a vacina da CoVid mata”!

De novo, A COVID MATA!
Será que não percebem? A CoVid pode ser doença grave e quando não mata, deixa sequelas.
A CoVid longa é hoje uma realidade espalhada e naturalizada pelo mundo, há muito a descobrir ainda sobre ela.
A doença é nova, muita coisa desconhecida e só com o passar dos anos descobriremos todos os efeitos deletérios da pandemia. Aqui não há o que discutir, mesmo levando em conta possíveis efeitos colaterais da vacina é melhor NÃO TER CoVid do que se arriscar a ter, e ficar sequelado.

“Ain, mas o laboratório não dá garantia”!

Que garantia? Não há garantia pra nenhuma vacina, nenhuma é 100% segura e eficiente pois como disse não há como prever qual será a interação entre o humano e o agente da vacina. O que importa é que as vantagens da vacina sejam maiores que os riscos, o que no caso da pandemia foi mais que provado sua eficácia.

Ignorância da eficácia

 

Ignorância da eficácia

Ignorância da eficácia

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