Oito pessoas morreram e 180 ficaram feridas em acidentes nos últimos cinco anos no Parque Nacional da Indonésia, onde a brasileira Juliana Marins foi encontrada morta nesta terça-feira (24). Ela caiu dentro de um vulcão durante uma trilha no Monte Rinjani, um dos destinos turísticos mais procurados da região. Os dados são do governo indonésio, divulgados em março deste ano.
A brasileira de 26 anos caiu em um penhasco no último sábado (21) após ficar para trás do grupo com quem viajava na trilha rumo ao cume do monte. Segundo a família, ela estava a 650 metros da encosta, por onde deslizou.
A informação sobre a tentativa de resgate e a morte da brasileira foram compartilhadas pelo perfil criado pela família dela.
De acordo com dados do Escritório do Parque Nacional do Monte Rinjani, foram 21 casos em 2021. No ano seguinte, 33 ocorrências. Por sua vez, em 2022 foram 31 incidentes. Ainda segundo o documento, em 2023 foram registrados 35 acidentes. No ano passado, o número subiu para 60 – ou seja, quase o dobro. Do total de acidentados, 44 foram turistas estrangeiros e 136 turistas locais.
Mortes
- 2020: 2 mortes
- 2021: 1 morte
- 2022: 1 morte
- 2023: 3 mortes
- 2024: 1 mortes
Acidentes
- 2020: 21 casos
- 2021: 33 casos
- 2022: 31 casos
- 2023: 35 casos
- 2024: 60 casos
Aumento de visitação
O Parque Nacional do Monte Rinjani é uma área de conservação da natureza que desde o período pós pandemia está numa tendência crescente do número de visitas.
Por causa do aumento de incidentes, o governo indonésio emitiu um parecer em março para a necessidade imediata de criação de um “Procedimento Operacional Padrão (POP)” para busca, resgate e evacuação na unidade de conservação.
O documento aponta a necessidade de criação de protocolos para garantir a segurança de turistas, empresários do setor de turismo e organizar as equipes de resgate, com o objetivo de reduzir riscos aos visitantes.
O relatório oficial destaca que o aumento de pessoas na região traz benefícios econômicos para a comunidade local, mas também amplia os impactos negativos no ecossistema e eleva o número de acidentes e até casos de desaparecimentos.
Segundo o governo, muitas ocorrências estão relacionadas ao descumprimento de normas de segurança pelos próprios turistas, como a falta de equipamentos adequados, despreparo físico, desconhecimento do terreno e desrespeito às trilhas demarcadas. Entre os tipos de acidentes mais registrados estão quedas e torções, com 134 casos.
Para reduzir o risco de acidentes foram implantadas placas de alerta nas áreas mais perigosas, o parque também realiza orientações aos visitantes nas entradas das trilhas.
O Monte Rinjani, com 3.726 metros de altitude, é o segundo vulcão mais alto da Indonésia e uma das trilhas mais desafiadoras do país. O percurso pode durar de dois a quatro dias e inclui trechos íngremes, instabilidade climática e riscos elevados, especialmente em épocas de neblina.
Outros casos
Em 2016, cerca de 400 turistas precisaram ser retirados dessa mesma trilha com urgência por conta do processo erupção do vulcão Rinjani. Essa foi a última vez que o vulcão entrou em erupção.
Entre 2022 e 2025, três turistas morreram em trilhas na região do Monte Rinjani. As vítimas foram um homem português, uma mulher suíça e um homem malaio.
Em 2022, Boaz Bar Anam, de 37 anos, nascido em Israel e de nacionalidade portuguesa, caiu de uma altura de 150 metros ao tentar tirar uma selfie na borda do cume, na rota de Sembalun. O corpo dele só foi resgatado após quatro dias de buscas em um terreno íngreme e clima instável.
O acidente com Boaz chamou mais atenção das autoridades por conta da falta de cuidado dele com a segurança.
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Em 1º de junho de 2024, a turista suíça Melanie Bohner morreu após cair durante uma escalada no Monte Anak Dara, em Sembalun. Embora não tenha ocorrido na trilha do Monte Rinjani, a escalada fica na mesma região.
Melanie foi encontrada morta no fundo de um barranco após percorrer uma rota não oficial e não recomendada pelas autoridades locais.
Melanie escalava sozinha a trilha não oficial, quando caiu em um barranco. Seu corpo foi encontrado horas depois por moradores locais.
O turista de 57 anos nascido na Malásia caiu de uma ravina de 80 metros na trilha de Torean, após se soltar de uma corda de segurança.
A queda ocorreu em meio a neblina densa, o que dificultou o resgate. Rennie recusou ajuda dos guias momentos antes do acidente.
Todos os três casos envolveram quedas em áreas de risco, muitas vezes sem o uso adequado de equipamentos de segurança ou em trilhas não recomendadas.
Por: G1 Rio de Janeiro