A pedagoga Cláudia Tavares Hoeckler, de 42 anos, assassina confessa do marido, voltou a ser presa, nesse sábado (30/5), após o Ministério Público solicitar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendesse o direito da ré de aguardar o julgamento em liberdade.
O crime ocorreu em Lacerdópolis, em Santa Catarina, em 14 de novembro de 2022, quando Cláudia deu um comprimido de sonífero ao marido, Valdemir Hoeckler, de 43 anos. No momento em que o homem adormeceu, Cláudia o asfixiou com uma sacola plástica de supermercado e escondeu o corpo no freezer da cozinha.
O que está acontecendo
- Cláudia foi descoberta pela polícia por causa de uma contradição envolvendo o freezer da casa.
- Os investigadores procuravam por Valdemir, considerado desaparecido, conforme relato da esposa. Um vizinho que costumava fazer compras com o casal relatou que, dias antes, o freezer da residência estava vazio. No entanto, ao vistoriar o local, a polícia encontrou o eletrodoméstico repentinamente cheio de produtos congelados, sem que houvesse qualquer registro de compra recente.
- Ao removerem os alimentos congelados, encontraram o corpo de Valdemir dentro do freezer havia cinco dias.
- Cláudia alegou à Justiça que matou o marido após anos de agressões físicas, estupros e violência psicológica.
- Conforme depoimento, Valdemir a espancava, inclusive com a filha no colo, e a estuprava enquanto a enforcava. Disse ainda que viveu um ciclo de abusos desde a infância e que o marido foi seu último agressor.
Em um vídeo publicado nas redes sociais pelo advogado de defesa, Matheus Molin, Claudia aparece chorando e mostra o momento em que ela se entrega às autoridades.
“Da mesma forma que, em novembro de 2022, hoje, Cláudia vai se apresentar espontaneamente às autoridades para que seja dado cumprimento ao seu mandado de prisão. Deixando sempre claro que Cláudia nunca se eximiu da justiça, mas, sim, busca incansavelmente mostrar a sua história e comprovar, seja por prova testemunhal, seja por prova documental, que sofreu violência doméstica durante 20 anos de relacionamento e que infelizmente precisou matar”, destacou o advogado.
Segundo Matheus Molin, “não podemos esquecer que Cláudia, durante os 20 anos de relacionamento com o Valdemir, vivenciou e sofreu. Todos os tipos possíveis de violência doméstica, sejam elas físicas, morais, psicológicas, financeiras e, por vezes, até sexuais, além de ser privada do convívio com a filha comum do casal”.
Decisões judiciais
Como Cláudia confessou o assassinato e colaborou com as investigações, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) havia concedido a ela o direito de aguardar o julgamento em liberdade, com uso de tornozeleira eletrônica, em agosto de 2023. A mulher estava trabalhando como vendedora de blocos de concreto durante o dia e, à noite, atuava como cozinheira em um restaurante.
“Durante o tempo que esteve em liberdade, Cláudia cumpriu rigorosamente todas as medidas cautelares determinadas pelo jurismo da Comarca de Capinzal. Usou tornozeleira eletrônica durante o período de 90 dias e, inclusive, a mesma Comarca de Capinzal determinou que a tornozeleira não se mostrava mais necessária, compareceu mensalmente ao fórum durante todos os meses desde a sua soltura e, principalmente, procurou um emprego lícito, que era uma das condições de sua liberdade”, detalhou a defesa.
Apesar da decisão do TJSC, o Ministério Público recorreu ao STJ, que determinou o retorno da ré à prisão. Cláudia se entregou à Penitenciária Feminina de Chapecó. “Vou fazer o que a Justiça determinou”, acatou a assassina.
“Em 30 de maio de 2025, o Superor Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso do Ministério Público e determinou o restabelecimento da prisão preventiva de Cláudia Fernanda Favaz. Este recurso foi interposto pelo Ministério Público em agosto de 2023, quando o Tribunal de Justiça de Santa Catarina revogou a prisão preventiva de Cláudia e concedeu a ela o direito de responder o restante do processo em liberdade mediante o cumprimento de algumas medidas cautelares”, reafirmou Matheus Molin.
De acordo com a decisão do STJ, a soltura de Cláudia foi indevida diante da gravidade do crime. A ré teria premeditado o homicídio, ocultado o cadáver e comunicado falsamente o desaparecimento do marido, o que dificultou as investigações.
“A defesa de Cláudia vai recorrer da decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça e acredita que o Supremo Tribunal Federal vai conceder novamente a Cláudia o direito de aguardar o julgamento em liberdade, bem como, após o Tribunal do Júri, após o seu julgamento, esta defesa acredita que Cláudia será absolvida”, avaliou o advogado.
Por: Metrópoles