O advogado Keldheky Maia, que sacou uma arma e efetuou disparos durante uma briga generalizada que culminou na morte da advogada Juliana Chaar, de 36 anos, no último dia 21 de junho, em Rio Branco, possui histórico de envolvimento em episódios violentos.
De acordo com certidão de antecedentes criminais, Keldheky responde por dois termos circunstanciados: um de 2009, encerrado após acordo entre as partes, e outro de 2010, quando foi encontrado com dois menores e portando uma faca durante uma confusão.
Na madrugada da morte de Juliana, câmeras de segurança registraram o momento em que Keldheky corre até um carro branco, estacionado na rua perto do bar Dibuteco, no bairro Isaura Parente, saca uma arma e dispara na direção de um grupo rival, durante uma briga. Pouco depois, uma caminhonete preta avança sobre ele e Juliana, que tentava contê-lo na ação, atingindo em cheio a advogada, que caiu desacordada na via. Ela chegou a ser socorrida pelo Samu, mas morreu no Pronto-Socorro da capital.
Keldheky, que era amigo de Juliana, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma, mas liberado após audiência de custódia.
A GAZETA entrou em contato com o advogado que acompanhou Keldheky após a prisão por porte de arma para saber se iria se manifestar sobre os demais processos envolvendo o cliente, mas Roraima Rocha informou que não faz mais parte da defesa dele, e que atuou somente na audiência de custódia. A reportagem também entrou em contato com o telefone indicado pelo advogado Keldheky no Cadastro Nacional de Advogados, mas o número está desatualizado.
Em postagem nas redes sociais, ele classificou o episódio como o maior pesadelo de sua vida. “Era para ser eu. Tinha que ser em mim e não na Juliana. Ela não merecia morrer assim”, escreveu. Ele afirmou ainda que os tiros foram apenas para amedrontar os agressores e que não imaginava que alguém teria coragem de atropelar outra pessoa.
Afastamento da OAB-AC
Segundo o delegado Pedro Paulo Buzolin, as circunstâncias da ação ainda estão sendo apuradas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A OAB-Acre informou que Keldheky e outros dois advogados envolvidos na briga — Bárbara Maués e João Felipe de Oliveira Mariano — pediram afastamento das funções que ocupavam na instituição. Juliana era presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB e faleceu horas após o atropelamento.
A vice-presidente da OAB-AC, Thais Moura, confirmou que o caso foi encaminhado ao Tribunal de Ética da entidade. “Os processos correm sob sigilo, conforme a legislação”, disse.
Principal suspeito do atropelamento segue foragido
A Justiça acreana decretou a prisão preventiva de Diego Luiz Gois Passo, apontado como o autor do atropelamento que matou Juliana. Ele também teve o sigilo telemático quebrado e está com mandado de busca e apreensão em aberto. O juiz Robson Aleixo considerou os indícios suficientes para configurar intenção no crime.
O advogado Felipe Muñoz, responsável pela defesa de Diego Luiz Gois Passo confirmou ao portal A GAZETA que seu cliente deve se entregar à polícia após decisão judicial sobre pedido de liberdade.