Produtores rurais da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes estiveram nesta terça-feira, 17, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) para denunciar o que classificam como “abusos” durante a “Operação Suçuarana”, conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A fiscalização, iniciada no último dia 5, tem como alvo a pecuária considerada irregular dentro da unidade de conservação.
Durante a sessão, os manifestantes ocuparam as galerias da Aleac e foram ouvidos por deputados estaduais, que se pronunciaram em apoio às reivindicações. O produtor Valter Costa, morador da Transacreana, afirmou que a operação tem causado medo e insegurança entre os pequenos agricultores. “É inadmissível isso. Pessoas que trabalharam ao longo dos anos estão sendo presas, tendo seus bens tomados. Nós precisamos preservar, sim, mas também pensar na vida das pessoas”, declarou.
Ele também criticou o fato de os grandes produtores não estarem sendo atingidos pelas ações. “Aqui não tem nenhum grande. São todos médios e pequenos, e são esses que estão sofrendo”, completou.
O deputado estadual Emerson Jarude (Novo) usou a tribuna para criticar a condução da operação, que, segundo ele, trata cidadãos de bem como criminosos. “O Acre é terra de gente honesta que quer viver sem depender do governo. Mas, toda vez que tenta isso, é tratada como perigosa. Foi usada uma força que nem se vê quando o alvo é o crime organizado”, disse.
Jarude também chamou atenção para os indicadores sociais do estado. “Temos o maior número de pessoas abaixo da linha da pobreza do país. O Acre não pode pagar a conta ambiental do mundo com o sofrimento de seu povo”, afirmou.
Já o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) apontou que existe um instrumento legal, já aprovado pela Assembleia Legislativa, que poderia amenizar os impactos das ações de fiscalização. “Com a devida regulamentação, é possível fazer a compensação ambiental utilizando os estoques de floresta pública. O que falta é o decreto do governo”, afirmou.
A presença dos produtores na Aleac ocorre em meio a uma nova fase de protestos na região de Xapuri. No último sábado, 14, moradores da Resex voltaram a bloquear a BR-317, impedindo o trânsito de veículos entre a capital Rio Branco e o Alto Acre. A manifestação é uma resposta direta à Operação Suçuarana, que já havia motivado outros bloqueios dias antes.
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