Fezes humanas estão sendo congeladas e armazenadas em cofres na Suíça. Cientistas já estocaram mais de mil amostras e pretendem acumular 10 mil até 2029 com o intuito de preservar micróbios que podem ser úteis em futuras crises de saúde.
Mas a instalação de armazenamento não abriga apenas fezes. Ela também contém quase 200 tipos de alimentos fermentados e, a longo prazo, deve funcionar como uma cópia de segurança dos micróbios que vivem nas pessoas, animais, plantas e no meio ambiente.
Aplicação das fezes
Esse material todo será útil no futuro para realização de pesquisas, restauração de ecossistemas e desenvolvimento de tratamentos médicos. Isso porque alguns dos microrganismos armazenados, conhecidos como “micróbios bons”, auxiliam na digestão, fortalecem o sistema imunológico e protegem o organismo contra invasores nocivos.
O projeto teve início em 2018 e leva o nome de Microbiota Vault, ou “cofre da microbiota”. A iniciativa é inspirada no Svalbard Global Seed Vault, na Noruega, que armazena mais de um milhão de amostras de plantas para preservar a biodiversidade genética.
“A perda de micróbios está associada a um aumento alarmante de doenças crônicas, como distúrbios alérgicos, autoimunes e metabólicos”, escrevem os pesquisadores, em comentário publicado na revista Nature Communications. “A perda da diversidade microbiana se estende aos ecossistemas ambientais, comprometendo os sistemas agrícolas e a resiliência ambiental.”
Micróbios em perigo
Algumas das atividades humanas que afetam os microbiomas são agricultura convencional, degelo do permafrost (devido às mudanças climáticas) e uso excessivo de antibióticos.
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Até o momento, a ciência não tem técnicas suficientes para restaurar ecossistemas ou o intestino humano por meio da reintrodução de micróbios congelados, mas os pesquisadores esperam que, um dia, isso seja possível.
“Talvez daqui a 100 anos, ter salvado esses micróbios possa evitar um grande desastre”, disse Martin Blaser, diretor do Centro de Biotecnologia Avançada e Medicina da Universidade Rutgers em Nova Jersey, em comunicado.
Por: Revista Galileu