O secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, afirmou que vai divulgar uma carta aberta aos parlamentares como forma de mobilizar apoio para investimentos urgentes na infraestrutura escolar do estado, especialmente nas áreas rurais.
Em entrevista concedida nesta segunda-feira, 9, ao programa Gazeta Entrevista, da TV Gazeta, o gestor informou que o documento será encaminhado ao Congresso Nacional com um apelo direto: que cada parlamentar destine ao menos 6% de suas emendas para a construção e melhoria de escolas. “Se cada um contribuir, podemos investir até R$ 70 milhões por ano em educação”, afirmou.
Carvalho também fez uma defesa do papel dos professores, principalmente os que atuam nas comunidades mais afastadas. “A maior instituição de ensino chama-se professor. A estrutura física é importante, mas nada funciona sem o mestre em sala de aula”, disse. Segundo ele, muitos desses educadores acumulam funções, como cozinhar, limpar e planejar aulas, e, apesar disso, são provisórios. “A professora que aparece naquela reportagem é uma professora provisória”.
A reportagem em questão foi veiculada neste domingo, 8, no Fantástico, e mostrava uma escola que funciona, atualmente, em um curral, no Bujari. A situação ganhou repercussão nacional após reportagem exibida no programa Fantástico, na noite deste domingo, 8. Sem paredes, piso ou água encanada, o local virou a única alternativa para garantir o direito à educação dos alunos da comunidade do Limoeiro, distante cerca de 10 quilômetros da escola-sede.
Orçamento do Fundeb
O secretário criticou os limites orçamentários impostos pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e pela chamada “Fonte 100”, afirmando que são insuficientes para atender à crescente demanda por escolas em regiões de difícil acesso. “É por isso que estamos recorrendo aos parlamentares. Não é dinheiro para custeio, é investimento puro, em construção de escolas”, reforçou.
Carvalho ainda destacou o esforço conjunto necessário para enfrentar os desafios da educação na região Norte, cobrando atuação conjunta entre União, Estado, municípios e órgãos de controle. “Fazer educação na Amazônia exige mais do que vontade. Exige união, logística, empatia e compromisso social”
Segundo ele, mesmo diante das dificuldades, o Acre tem avançado. De 2019 até hoje, foram contratados mais de 1,5 mil professores efetivos e cerca de 9 mil provisórios. Hoje, a educação do campo conta com 950 professores atendendo mais de 13 mil alunos. “Os desafios são grandes, mas os resultados também começam a aparecer. O Acre foi o primeiro lugar na Prova Saeb [Sistema de Avaliação da Educação Básica] 2023 em todas as etapas do ensino na região Norte. E vamos melhorar ainda mais”, finalizou.
Ainda nesta segunda-feira, 9, o Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC), em coletiva de imprensa, informou que 547 escolas do Acre não dispõem de água potável. Além disso, segundo o TCE-AC, 416 escolas acreanas não têm abastecimento de água; 608 não têm esgotamento sanitário e; 240 não têm banheiros sanitários.