Uma recém-nascida de apenas três dias precisou ser transferida em estado delicado para a capital do Acre após apresentar lesões graves na pele, supostamente causadas por um banho realizado no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul. O caso ocorreu no domingo, 22.
A bebê havia nascido saudável e recebido alta médica no sábado, 21, sem qualquer sinal de anormalidade. No entanto, após um banho indicado pela equipe pediátrica, os pais notaram que a pele da criança apresentava sinais de queimadura, especialmente nas pernas e pés. Segundo relatos, a água utilizada para o banho estaria excessivamente quente e teria provocado dor intensa na recém-nascida, que passou a chorar de forma contínua durante o procedimento.
Imagens registradas pela família mostram o estado da pele da bebê antes e depois do banho, evidenciando que os machucados surgiram imediatamente após o contato com a água. Inicialmente, a situação foi minimizada por profissionais da unidade hospitalar, que sugeriram tratar-se de uma secreção natural, mas os sinais de sangramento e descamação da pele levaram os pais a buscar atendimento emergencial.
Diante da gravidade do quadro, a criança foi transferida para Rio Branco em uma Unidade de Terapia Intensiva aérea e permanece internada na UTI neonatal do Hospital da Criança. Exames, incluindo uma biópsia, devem determinar se os ferimentos foram causados por água quente ou se há possibilidade de se tratar de uma doença dermatológica rara, como a epidermólise bolhosa.
MP investiga o caso
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), já se posicionou nesta segunda-feira, 23. Considerando a gravidade da situação e a necessidade de esclarecimento dos fatos, o promotor de Justiça André Pinho expediu notificações ao Hospital da Mulher e da Criança do Juruá e à Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), solicitando informações detalhadas sobre o caso.
Ao hospital, o MPAC requisitou o prontuário médico completo da recém-nascida, incluindo registros de enfermagem e identificação de todos os profissionais envolvidos no atendimento; os protocolos operacionais adotados para o banho e higienização de recém-nascidos, com especificação dos controles de temperatura da água e equipamentos utilizados; e um relatório circunstanciado com a sequência dos fatos, medidas assistenciais adotadas e providências administrativas tomadas pela direção da unidade.
O outro lado
O secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, se manifestou quanto ao assunto. Nas redes sociais, o gestor falou que a pasta está prestando toda a assistência aos familiares e pontuou que só há como chegar a uma conclusão após o fechamento do quadro.
“Nós temos uma doença rara, chamada epidermólise bolhosa. É uma doença que acomete principalmente crianças na qual a pele da criança ela fica frágil e, por conta de ser recém-nascido, que não tem os anticorpos, a criança desenvolve bolhas que têm aspectos de queimadura”.
Além disso, Pedro reiterou que os familiares estão aflitos. “E vamos evitar vincular informações que não sejam aquelas de veículos oficiais. Nós não estamos aqui para tapar o sol com a peneira, nem para passar a mão na cabeça de ninguém, se houver culpado, mas é válido que a gente feche um diagnóstico para que a gente tenha até mesmo a conduta correta para tomar em relação ao paciente”.
Uma biópsia será realizada o quanto antes para diagnosticar se, de fato, é epidermólise bolhosa ou se a criança foi acometida por uma queimadura de água quente. “Foi descartado qualquer eventual erro da equipe, mas nós temos que, num primeiro momento, avaliar e descartar qualquer outra possibilidade. Já de antemão, nós estamos transferindo essa criança para Rio Branco para realizar a biópsia da pele dessa criança”, enfatizou.