A Câmara Municipal de Rio Branco deu início a uma série de cortes emergenciais para conter um déficit orçamentário que pode paralisar os trabalhos legislativos ainda em setembro. A medida mais impactante até agora foi a aprovação da exoneração de 42 motoristas, que prestam serviço aos gabinetes dos vereadores. As demissões foram aprovadas nessa terça-feira, 10, pela nova gestão da Mesa Diretora, presidida pelo vereador Joabe Lira, como uma das primeiras ações para tentar equilibrar as contas.
Esses motoristas foram contratados em outubro do ano passado, por meio de aditivos ao contrato de veículos alugados que atendem os parlamentares. No entanto, segundo Joabe, não houve previsão orçamentária para arcar com os custos do novo serviço em 2025. “O contrato foi assinado no fim do ano passado, mas sem o devido respaldo financeiro. Agora, precisamos fazer ajustes, e os cortes começaram por onde há excesso”, explicou.
Rombo de R$ 15 milhões e cortes pontuais
O orçamento aprovado para 2025 é de R$ 60 milhões, mas os compromissos financeiros assumidos até dezembro já somam R$ 75 milhões. Segundo a presidência da Casa, se nenhuma contenção for feita, os recursos atuais só sustentariam o funcionamento da Câmara até setembro. A folha de pagamento, por si só, consome R$ 57 milhões ao ano, com mais de 350 assessores ligados diretamente aos gabinetes dos vereadores.
Além da demissão dos motoristas, outras medidas já estão em curso: suspensão de passagens, diárias e auxílios diretos aos vereadores, além de reduções previstas nos contratos de mídia institucional (avaliados em R$ 4 milhões) e na manutenção da sede da Câmara, com custo estimado de R$ 2 milhões.
No entanto, benefícios como o uso de veículos alugados por cada parlamentar — uma caminhonete traçada, um carro de passeio e uma motocicleta — foram mantidos, assim como o auxílio mensal de R$ 6 mil para combustível. Se esse pacote fosse reduzido, a economia poderia ultrapassar R$ 3,5 milhões por ano. Mas, conforme apurou a reportagem, a medida esbarra na resistência dos próprios vereadores.
Um sinal de alerta
A exoneração em massa dos motoristas é, segundo Joabe Lira, um reflexo direto da má gestão orçamentária da legislatura anterior. “Esses contratos foram assinados sem lastro financeiro. Agora, cabe à atual Mesa Diretora tomar decisões duras para manter o funcionamento básico da Casa”, afirmou.
Ainda não há uma previsão de novas demissões, mas o clima de incerteza se instalou entre os servidores contratados, especialmente os comissionados. “Estamos revendo todos os contratos. O objetivo é evitar que falte dinheiro para pagar salários e manter o essencial”, concluiu Joabe.