O advogado Felipe Muñoz, responsável pela defesa de Diego Luiz Gois Passo — suspeito de atropelar e matar a advogada Juliana Chaar na madrugada do último sábado, 21, após briga em uma casa noturna — confirmou ao portal A GAZETA, na manhã desta terça-feira, 24, que seu cliente deve se entregar à polícia ainda nesta semana.
Juliana foi atropelada após uma briga generalizada. A confusão teve início dentro do estabelecimento, onde dois grupos iniciaram um desentendimento ainda na madrugada. Ao deixarem o local, por volta das 4 horas, a discussão evoluiu para agressões físicas, disparos de arma de fogo efetuados por um outro advogado – amigo de Juliana, identificado como Keldheky Maia – e por fim, o atropelamento que a vitimou.
“Ele vai se apresentar nessa semana ainda, independente de qualquer questão”, afirmou Muñoz, referindo-se ao condutor. Segundo o defensor, a apresentação faz parte de uma estratégia para garantir que Diego responda ao processo em liberdade. “As tratativas dessa apresentação já foram iniciadas”, disse. “Nós protocolamos um contramandado ontem [segunda-feira, 23] pela manhã”, completou, explicando que o pedido se assemelha a um pedido de revogação da prisão temporária decretada contra Diego Luiz.
‘Reação instintiva de fuga’, diz defesa
A versão apresentada pela defesa de Diego indica que a tragédia teria começado após um desentendimento em um bar. “Foi um conflito que se iniciou dentro da dependência do Dibuteco e ganhou forma novamente fora do estabelecimento”, explicou o advogado. Ele relatou ainda que uma arma de fogo foi vista no momento da confusão, o que teria provocado uma reação instintiva de fuga por parte de Diego.
“O Diego, quando viu a arma na direção dele, com um disparo sendo efetuado, como qualquer pessoa, procurou se sair da zona de risco. Procurou sobreviver”, enfatizou, acrescentando ainda que Diego entrou no carro, se abaixou e acelerou. “Ele estava em pânico. Foi um momento de desespero”.
Ainda segundo a defesa, o suspeito teria tentado voltar para verificar o que havia acontecido. “Mas quando ele viu a aglomeração de pessoas e ainda pessoas armadas, ele ficou em choque. Foi o fator do ‘ar em silêncio’, como ele mesmo descreveu”.
Defesa técnica e perícia
Felipe Muñoz reforçou que Diego está disposto a colaborar com as investigações e a apresentar o carro para perícia. “Isso vai ajudar tanto a defesa como a acusação”, explicou. “A nossa defesa ainda está em fase inicial”.
O advogado destacou também que o cliente tem bons antecedentes e nunca teve envolvimento anterior com a Justiça. “O Diego é primário. Por isso, acredita que medidas cautelares, como uso de tornozeleira ou proibição de sair da cidade, devem ser suficientes. Acreditamos que o juízo vai acabar acatando isso, porque ele preenche os requisitos”.
Muñoz finalizou destacando que a defesa será feita com respeito à vítima. “Não temos intenção de atacar ou ofender ninguém. Nossa postura é técnica, responsável e humana”, disse. “Diego está muito abalado. Lamenta profundamente o que aconteceu”.
Investigação
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira, 23, o coordenador do Departamento de Investigações Criminais (Deic), delegado Pedro Paulo Buzolin, disse que o caso, inicialmente, foi encaminhado à Delegacia de Flagrantes (Defla), quando uma pessoa – o amigo de Juliana, Keldheky Maia, foi preso por porte ilegal de arma de fogo. No local, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra as pessoas que estavam envolvidas nas vias de fato.
“Em seguida, a DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] tomou posse da investigação e diversas diligências estão sendo realizadas, inclusive o autor dos fatos já foi identificado e possivelmente será preso em breve”, enfatizou Pedro, acrescentando ainda que o nome não deve ser divulgado. “Mas as diligências estão em uso para a gente tentar localizá-lo. Ele se encontra foragido e estamos em busca de localizá-lo”. Ainda segundo o delegado, a arma que foi utilizada pelo advogado não foi apreendida.
Após a análise de vídeos do momento da confusão, o delegado informou que o advogado Keldheky pode responder por tentativa de homicídio.
Buzolin ainda acrescentou não haver nenhuma perfuração de arma de fogo no corpo de Juliana Chaar e que as causas de seu falecimento são em decorrência do atropelamento.
Prisão temporária e apreensão de dispositivos
Em decisão proferida em regime de plantão pela Vara Estadual do Juiz das Garantias, o juiz Robson Aleixo decretou, além da prisão temporária por homicídio doloso qualificado, a busca e apreensão domiciliar e, de forma destacada, a quebra do sigilo telemático do suspeito, com foco na coleta de provas armazenadas em aparelhos.
O magistrado determinou o acesso irrestrito aos dados contidos em celulares, computadores e outros dispositivos que vierem a ser apreendidos. Isso inclui mensagens de texto, áudios e vídeos trocados em aplicativos de comunicação instantânea, histórico de chamadas telefônicas entre os dias 20 e 22 de junho, registros de localização, imagens e vídeos armazenados, além do histórico de navegação na internet e interações em redes sociais.