“Curar quando possível, aliviar quando necessário, consolar sempre.” A frase atribuída a Hipócrates, que atravessa séculos como princípio da medicina, resume bem a trajetória de quase seis décadas do doutor Labib Murad no Acre. Ginecologista e obstetra, cirurgião geral e primeiro médico legista do estado, ele foi homenageado neste domingo, 15, com a mais alta honraria concedida pelo governo estadual: a insígnia no Grau de Grã-Cruz da Ordem da Estrela do Acre.
A entrega da condecoração ocorreu durante a solenidade oficial de comemoração dos 63 anos de emancipação política do estado, realizada no Calçadão da Gameleira, em Rio Branco.
Ao receber a honraria, Labib Murad lembrou com emoção o dia em que chegou ao estado, exatamente em um domingo como o da homenagem. O médico é inscrito no Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) desde 26 de abril de 1966.
“Recebo esse reconhecimento com a mais profunda gratidão, porque na minha profissão, fazer o bem, exercer a medicina, salvar vidas, era uma obrigação. E esse reconhecimento eu agradeço imensamente por tudo que a gente tentou fazer, tanto como gestor público como como médico exercendo a profissão”, declarou.
Natural do interior de São Paulo, o médico se considera hoje um acreano de coração. “Sou cidadão rio-branquense, cidadão acreano. Vivi aqui muitos anos mais do que vivi lá no interior de São Paulo, onde eu nasci. De maneira que eu sou acreano mesmo, o tempo fala por mim”, disse.
Com uma trajetória marcada pela atuação tanto na medicina quanto na gestão pública, Labib foi secretário de Saúde do estado em dois governos e liderou importantes avanços estruturais na rede de atendimento, como a construção de hospitais em municípios do interior e a implantação do que chamou de “cinturão de saúde” de Rio Branco.
Entre suas principais contribuições para a estruturação da saúde pública acreana, o médico destaca a construção de hospitais em municípios como Mâncio Lima, Plácido de Castro, Senador Guiomard e Feijó, além da criação de centros de saúde em Rio Branco e a implementação de um sistema de atendimento de complexidade crescente, que incluía atendimento aos ribeirinhos com equipes de saúde em embarcações.
“O atendimento começava com os agentes de saúde nos seringais, passava pelas unidades mistas no interior e chegava a Rio Branco nos casos mais graves. Hoje a saúde no Acre evoluiu muito, e me sinto orgulhoso de ter contribuído para essa trajetória”, afirmou.
A cerimônia de entrega da honraria integrou a programação oficial do aniversário de 63 anos do Acre, que também contou com o hasteamento da bandeira acreana, participação da Banda de Música da Polícia Militar e discursos de autoridades estaduais.

Respeito com quem ajudou a construir a história
O governador Gladson Camelí destacou a importância de reconhecer as pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do estado. Segundo ele, as homenagen simbolizam o respeito a todos os que ajudaram a construir a história acreana.
“Hoje é um dia de homenagear todos que colaboraram com o desenvolvimento do Acre, o fortalecimento da democracia, a liberdade de expressão e sabermos que temos um Acre democrático, um Acre justo, reconhecendo que temos muito o que fazer ainda. Temos que melhorar, fazer alguns avanços. Mas, ao mesmo tempo, falamos da união e da gratidão de um povo guerreiro, de um estado que lutou para ser brasileiro, que é acolhedor e de um povo determinado, trabalhador. E aqui estamos, cuidando do presente para melhorar o futuro das nossas autoridades”, disse o governador.
Camelí também mencionou os investimentos em obras e melhorias que devem ser intensificados nos próximos meses. “O verão já chegou e este é o ano de executar. Vamos reforçar as ações em todo o interior do estado, de Marechal Thaumaturgo a Assis Brasil, de Rio Branco a Cruzeiro do Sul. Queremos diminuir as dificuldades e ampliar as oportunidades para a nossa população”, afirmou.

O governador aproveitou ainda para reforçar o compromisso com políticas de enfrentamento à violência contra a mulher e destacou a necessidade de zerar os casos de feminicídio no estado. O comentário fez referência aos casos de mortes de mulheres registrados nos últimos dias no Acre.
“É intolerável, nós não podemos mais tolerar, por mais que conseguimos baixar os números de feminicídio, mas tem que ser zero. Então, quero reforçar ainda mais esse apelo”, disse.
Ao final, parabenizou o Acre pelos 63 anos de emancipação e agradeceu o apoio da imprensa e da população. “É com emoção que estou há seis anos à frente do Palácio Rio Branco e cada dia é um dia de muita emoção, porque sabemos de um dever, de uma missão a ser cumprida e que temos que cuidar das pessoas.”