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Rio Branco inaugura primeiro ambulatório especializado em sexualidade feminina da Região Norte

Rio Branco inaugura primeiro ambulatório especializado em sexualidade feminina da Região Norte

Foto: Gleison Luz/Fundhacre

Rio Branco acaba de ganhar um serviço inédito na Região Norte: o primeiro Ambulatório de Sexualidade Feminina, um espaço especialmente criado para acolher e tratar mulheres que enfrentam dificuldades sexuais. A iniciativa, inaugurada no último dia 22 de maio, surge para suprir uma lacuna ainda pouco abordada na saúde pública, dando voz e atenção a queixas que afetam diretamente o bem-estar físico e emocional da mulher.

A ginecologista e sexóloga Camila Amorim, responsável pela coordenação do ambulatório, explica que as disfunções sexuais femininas são muito mais comuns do que se imagina. “Estudos indicam que entre 40% e 60% das mulheres apresentam algum tipo de disfunção sexual em algum momento da vida. Apesar disso, essas queixas são frequentemente ignoradas ou mal tratadas por falta de capacitação dos profissionais”, afirma.

Queixas frequentes, tratamento especializado

O ambulatório atende mulheres com diversas disfunções sexuais, incluindo baixa libido (desejo sexual reduzido), dificuldade para excitação ou lubrificação, anorgasmia (ausência de orgasmo), e dor genitopélvica, que engloba condições como vaginismo — contração involuntária dos músculos que dificulta ou impede a penetração — e vulvodínia, uma dor crônica na região genital sem causa aparente.

Para garantir um diagnóstico eficaz, o atendimento inclui uma anamnese detalhada, exame físico e aplicação de questionários específicos para avaliar a função sexual da paciente. “Esse acompanhamento permite mensurar a melhora após o tratamento, ajudando a personalizar as intervenções”, destaca Camila Amorim.

Rio Branco inaugura primeiro ambulatório especializado em sexualidade feminina da Região Norte
Ambulatório funciona na Funhacre. Foto: Secom

Como acessar o ambulatório

Para receber atendimento no ambulatório, a mulher deve inicialmente procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e solicitar um encaminhamento médico para o serviço especializado, que funciona no Serviço de Atendimento Ambulatorial Especializado (SAAE) da Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre). O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 10 horas às 16 horas.

Além do tratamento, o ambulatório tem como missão desmistificar a sexualidade feminina e acabar com os tabus que cercam o assunto. “O sexo é um tema amplamente praticado, mas pouco falado, especialmente em contextos médicos”, ressalta Camila Amorim. “Muitas mulheres sentem vergonha de falar sobre suas dificuldades e, por outro lado, os profissionais de saúde raramente abordam esse tema de forma ativa e especializada”.

A médica reforça a importância de uma abordagem aberta para que as mulheres possam identificar suas disfunções e buscar ajuda. “Quanto mais falarmos sobre o assunto, mais natural ele se torna, e mais mulheres vão conseguir melhorar sua qualidade de vida e autoestima”.

Rio Branco inaugura primeiro ambulatório especializado em sexualidade feminina da Região Norte
Camila Amorim é ginecologista e sexóloga. Foto: arquivo pessoal

Impacto na saúde integral da mulher

O diretor de Assistência da Fundhacre, Ádalo Lima, enfatiza que as disfunções sexuais impactam não só a saúde física, mas também o emocional das pacientes. “Esse serviço garante que as mulheres sejam ouvidas com respeito, acolhidas e tratadas de forma adequada, algo que nem sempre acontece.”

Sóron Steiner, presidente da Fundhacre, reforça que o ambulatório representa um avanço na oferta de uma saúde pública mais humanizada, sensível e voltada para as necessidades específicas das mulheres. “Queremos promover dignidade, autonomia e bem-estar para todas as mulheres do nosso estado.”

Embora ainda seja um serviço pioneiro e em fase inicial, há esperança de que o modelo se estenda para outras cidades da Região Norte, ampliando o acesso a profissionais capacitados em sexualidade feminina. “Na região, ainda há poucos especialistas nessa área, mas acreditamos que essa iniciativa possa incentivar a criação de outros ambulatórios similares”, projeta Camila Amorim.

Ainda segundo Camila, o ambulatório tem importância, além de ajudar a mulher, de informar a todos, principalmente porque questões sexuais comprometem a qualidade de vida da mulher. “A saúde sexual faz parte da saúde e, quanto mais a gente falar sobre o assunto, que tem tratamento, que é um assunto sério, que não é uma coisa que é muito conhecida, mais a gente ajuda a tirar o tabu do sexo”, esclarece.

“As famílias devem iniciar essa conversa já com seus filhos, dependendo da faixa etária e de uma forma adequada. É uma coisa que deve se tornar natural porque o sexo é muito praticado, mas é pouco falado, as questões sexuais também são pouco abordadas. Isso é muito importante para a melhoria da qualidade geral da saúde feminina”, finaliza.

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