A bebê Aurora Maria, recém-nascida que sofreu graves lesões na pele após um banho quente no Hospital da Mulher e da Criança de Cruzeiro do Sul, no último domingo, 23, ainda não foi transferida para um centro especializado em queimados. A previsão inicial da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) era de que a transferência ocorresse ainda nessa terça-feira, 24, para o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) de Manaus. No entanto, até esta quarta, 25, a gestão estadual ainda não obteve a liberação de vaga.
Segundo o secretário Pedro Pascoal, a equipe ampliou os esforços e tenta também vaga em Brasília e outros centros pelo país. A bebê precisa de um leito pediátrico especializado para ser transferida em uma UTI aérea. “Estamos tentando em todos os lugares. Ainda não conseguimos a liberação. Precisa ser um leito CTQ pediátrico”, afirmou ao portal A GAZETA.
Aurora segue internada em estado estável, em um leito de UTI neonatal do Hospital da Criança, em Rio Branco. Ela está entubada, recebendo antibióticos e sob monitoramento intensivo de uma equipe multiprofissional.
Família contesta hipótese de doença genética
Desde o início do caso, uma das hipóteses levantadas pela Saúde foi a de que a bebê poderia ter uma condição genética rara chamada epidermólise bolhosa, que torna a pele extremamente sensível. No entanto, a família discorda dessa possibilidade e sustenta que os ferimentos foram provocados pela água quente usada no banho.
“Ela nasceu saudável. No domingo, quando fomos levá-la para casa, foram dar um banho nela para sair cheirosinha do hospital. Foi nesse banho que tudo aconteceu. A água estava muito quente, a própria diretora tocou e confirmou”, disse Marcos Oliveira, pai da recém-nascida.
Imagens registradas pela família mostram a pele da bebê aparentemente normal antes do banho e, em seguida, com sinais visíveis de descamação, feridas e sangramentos. O pai ainda relata que a bebê chorava intensamente durante o procedimento.
O exame genético, cuja amostra já foi coletada e enviada para São Paulo, deve ter o resultado em cerca de 40 dias. A transferência da criança, no entanto, é tratada como urgente e preventiva, para garantir o melhor cuidado possível independentemente do diagnóstico.
Servidora afastada e investigação aberta
A técnica de enfermagem responsável por dar o banho na bebê foi identificada e afastada temporariamente de suas funções. A Sesacre instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar os fatos e avaliar a conduta da profissional.
Em nota oficial divulgada na noite de terça-feira, 24, o governo afirmou que “não compactua com qualquer violação de conduta” e que adotará todas as medidas necessárias com rigor e transparência.
Ainda segundo a nota, os pais da bebê estão recebendo apoio psicossocial. “A profissional responsável foi prontamente identificada e afastada temporariamente, após instauração de um Processo Administrativo Disciplinar para apuração rigorosa dos fatos. A Sesacre assegura que todas as medidas cabíveis serão adotadas com transparência e rigor, a fim de garantir a responsabilização dos envolvidos.”