A reportagem que mostrou a situação de uma escola improvisada em um antigo curral, no Bujari, veiculada no último domingo, 8, no Fantástico, repercutiu nesta terça-feira, 10, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). De um lado, parlamentares defenderam a gestão de Gladson Camelí; outros, no entanto, afirmaram que as denúncias são feitas há mais de dois anos.
O episódio provocou a determinação de afastamento do secretário de Estado de Educação, Aberson Carvalho, por decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC), e gerou uma série de manifestações de parlamentares.
O deputado estadual Manoel Moraes saiu em defesa do governo Gladson Camelí e criticou a repercussão da matéria e o que classificou como “politização” da oposição. Segundo ele, o uso de videoaulas e recursos tecnológicos é um avanço, e os problemas enfrentados na educação são antigos e vêm sendo enfrentados com esforço. “Quem quer tudo bonitinho pode ir na sua casa e olhar quarto por quarto. Vai ter coisa errada também”, ironizou Moraes.
Ele ainda defendeu os deputados aliados do governo, ao rebater críticas de que agiriam como “tropa de choque” do Executivo. “Aqui não tem tropa, não. Quem tinha tropa era quem carregava burro no tempo do seringal. Nós somos preparados e estamos aqui para aconselhar o governo”, declarou. Moraes afirmou que a atual gestão tem investido como nunca na Educação e na Saúde e destacou o número de escolas construídas e cirurgias realizadas no interior. “Os dois melhores secretários do Acre são os de Educação e Saúde”, concluiu.
Do outro lado do plenário, o deputado Emerson Jarude reagiu com indignação às declarações do secretário de Governo, Luiz Calixto, que criticou o pedido de afastamento do secretário de Educação e minimizou os problemas revelados pela reportagem. Jarude classificou a manifestação de Calixto como “infeliz” e “desrespeitosa” com o Tribunal de Contas e com os fatos.
“O governador Calixto apareceu quando deu problema, dizendo que a decisão teve caráter político. Isso é grave. Estamos lidando com instituições que devem ser respeitadas”, afirmou. Jarude também voltou a denunciar problemas na merenda escolar, citando o caso da escola SEAM, onde, segundo ele, foram encontrados alimentos estragados, incluindo carne com tumor. “Isso foi documentado e registrado. Não é achismo, é realidade”, enfatizou.
Para o parlamentar, o governo tenta “tapar o sol com a peneira” e ignora o retrocesso nos índices educacionais. Ele citou dados do Centro de Liderança Pública (CLP), que mostram o Acre caindo da 18ª para a 26ª posição no ranking nacional de Educação entre 2019 e 2024. “O Fantástico mostrou só uma parte da realidade. A Educação está em colapso, e não adianta fingir que está tudo bem”, alertou.
O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) também fez um duro discurso sobre as condições do ensino rural no estado, ressaltando o abandono sistemático por parte da Secretaria Estadual de Educação. “Somos testemunhas neste semestre das falas da deputada Antônia Sales, do deputado Jarude e do próprio vice-presidente do governo, deputado Eduardo Ribeiro, confirmando que o ensino rural sofre com falta de transporte escolar e professores”, afirmou.