As bebidas energéticas, como conhecemos, surgiram entre os anos 1980 e 2000 e conquistaram um público variado em todo mundo. No Brasil, elas são facilmente encontradas em supermercados e distribuidoras, pois se tratam de um produto regulamentado. No entanto, casas de shows, bares e boates comumente vendem essas bebidas em combos e drinks com bebidas alcoólicas. Uma combinação popular em festas e eventos noturnos — servida em baldes de gelo e com preços promocionais — que pode representar riscos à saúde, especialmente entre os jovens.
Para alertar sobre o potencial dano, existe a obrigatoriedade de informar no rótulo do energético que o uso associado não é recomendado, mas especialistas de saúde acreditam que o aviso não alerta efetivamente os consumidores.
Riscos da mistura do álcool com energético
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, em 2005, que as empresas que produzem bebidas energéticas informem nos rótulos que não é recomendado misturar o produto com bebidas alcoólicas. A decisão foi tomada com base em discussões regulatórias internacionais que indicam que essa mistura aumenta a chance de comportamentos de risco e de intoxicação alcoólica. Isto porque favorece o consumo excessivo e reduz a percepção de embriaguez em função do efeito estimulante da cafeína presente nos energéticos.
Arthur Guerra, psiquiatra especialista em dependência de álcool e drogas e saúde mental do Hospital Sírio Libanês, explica que a redução da sensação de embriaguez leva o usuário a consumir mais álcool e tomar decisões perigosas que podem ser fatais. O especialista explica que essa prática recebe o nome de binge drinking e é mais nociva entre os jovens.
“O cérebro dos jovens ainda está em desenvolvimento. Isso dura até mais ou menos os 25 anos. Então, especialmente na região do córtex pré-frontal, existem alterações que, com a mistura de bebidas energéticas com álcool, mudam de forma radical a tomada de decisão, controle dos impulsos e avaliação de risco. Isso para o jovem pode ser fatal”, declara o especialista.
Outro risco que a ingestão de álcool e energético pode gerar, especialmente em excesso e com frequência, está relacionado à saúde do coração. Médicos apontam que existe um risco cardíaco relevante, especialmente para aqueles que já têm predisposição ou alguma condição anterior. Segundo o cardiologista Fernando Torres, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), entre os jovens esse alerta soa ainda mais alto porque, em geral, esse grupo não realiza check-ups. Ele orienta que é necessário se informar sobre o histórico familiar e procurar o médico regularmente para evitar maiores questões.
“O paciente que tem fator de risco, problema no coração, hipertensão não é recomendado nem o uso abusivo do energético, muito menos a associação com a bebida alcoólica. Isso pode agravar, induzir arritmias, causar descontrole da pressão arterial e o paciente ter consequências graves, infarto, AVC, e pode aumentar o risco de morte sim”, comenta Fernando Torres, médico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).