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“A reciprocidade deverá vir depois”, afirma Vital do Rêgo

O país deve aplicar a Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos somente após "exaurirem todos os canais diplomáticos de negociação", avalia o presidente do TCU.

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
20/07/2025 - 14:15
Foto: Bruna Gaston CB/DA Press

Foto: Bruna Gaston CB/DA Press

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As ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão abalando as estruturas globais, de forma geral, e já provocando efeitos negativos nas indústrias brasileiras e também norte-americanas, destaca o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo. Ele considera o movimento de Trump intempestivo e anormal, mas vê com bons olhos a reação do governo brasileiro e recomenda a continuidade das negociações antes de uma retaliação.

“Vejo que o Brasil tem todas as condições de utilizar a Lei da Reciprocidade, mas não deve, repito, não deve utilizar antes de esgotarem todos os canais diplomáticos de negociação”, destaca o ministro, em entrevista ao Correio.

Na avaliação dele, o governo brasileiro está conduzindo bem a questão e a escolha do vice-presidente Geraldo Alckmin no comando das negociações foi acertada. “Ele é uma pessoa muito, muito própria para esse fim”, afirma.

Em relação às contas públicas, Vital do Rêgo é taxativo ao apontar o principal problema para o equilíbrio fiscal: os subsídios. Pelas contas dele, neste ano, as renúncias tributárias devem somar R$ 900 bilhões e um corte linear de 10% resolveria a questão fiscal atual do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com folga, pois, inicialmente, o governo pretendia arrecadar R$ 20 bilhões. “O problema das contas de governo é que o Brasil perdeu a mão nas renúncias fiscais e nos subsídios” , afirma. “Nada é mais urgente do que um esforço comum do governo, do Congresso, para acabar com esses privilégios”, defende.

A caminho dos Estados Unidos para participar de reuniões na Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente do TCU adianta ao Correio que pretende candidatar o Brasil a sediar um dos órgãos multilaterais do organismo, a ONU Mulheres, um dos maiores da instituição. Segundo ele, por conta da perda de 20% do orçamento devido à retirada dos fluxos dos Estados Unidos, a ONU precisará ser remodelada. Rêgo diz que já recebeu o sinal verde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a candidatura e está em busca de um edifício para abrigar os funcionários do órgão em Brasília.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

O senhor pode contar sobre a sua agenda da viagem para os Estados Unidos?

O Brasil faz parte de uma junta de auditores que têm a responsabilidade de fiscalizar e auditar todos os recursos que são administrados pelas Nações Unidas. São US$ 77 bilhões, que é o orçamento anual distribuído em diversos órgãos multilaterais. Esses órgãos multilaterais são auditados pelo Brasil representando a América, pela França representando a Europa, e pela China representando a Ásia. Temos o nosso portfólio, que é uma série de órgãos que nós auditamos, como a ONU Mulheres, a Unicef, a Universidade da ONU, o Fundo de População das Nações Unidas, o escritório das Nações Unidas em Viena, o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e Crime Organizado, a Operação de Paz no Kosovo, no Chipre e no Líbano. A China tem outro portfólio e a França, outro. Agora, estamos juntando os três países para apresentar uma auditoria global, que deverá ser apresentada na próxima semana, na Assembleia-Geral, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e todos os membros do Conselho.

E como é feita a auditoria?

Hoje, empregamos, só no nosso portfólio, três pessoas que moram em Nova York, fixos lá, três auditores, e mais 100 auditores que compõem a Secex ONU, uma secretaria especializada que trabalha nessa auditoria. Aí depende de cada país. A França tem uns 80, por exemplo. Depende também da população e do formato. A China deve ter mais de 100. E também depende do portfólio. O nosso é o maior portfólio. Nós relatamos a ONU Mulher, por exemplo.

E teve algum problema?

Não. Os problemas são problemas de auditoria comum. As auditorias internacionais são uma experiência muito boa para o Brasil. Lá nós estamos vendo um nível de auditoria em que há troca de experiências até culturais. E, diante da situação de redução, por parte dos Estados Unidos, do fluxo de compromissos que o governo norte-americano tem com a ONU — hoje os maiores doadores da ONU são China e Estados Unidos — há uma queda nesse orçamento de em torno de 20%.

Dos US$ 77 bilhões do orçamento total?

Isso, em torno de 20% a menos. Isso faz com que a ONU comece a pensar em racionalizar gastos. Mas a notícia boa é que a ONU está abrindo a possibilidade de alguns países receberem alguns desses órgãos como sede. E eu já levei esse assunto ao presidente Lula, e ao embaixador Mauro Vieira (MRE). E nós estamos nos habilitando para nos colocar como sede da ONU Mulher, que é um dos maiores órgãos da ONU. Eu levei essa sugestão ao presidente Lula, que aceitou, e, agora, nós estamos nos habilitando em infraestrutura para entregar, na sede da ONU, a possibilidade do Brasil ser sede da ONU Mulher.

A sede seria aqui em Brasília?

Já agora, aqui em Brasília. Quem está fazendo a prospecção é a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) — ligada ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Somos a maior imobiliária do mundo, então há edifícios. Mas tem de ser um edifício grande, porque é para um dos maiores órgãos multilaterais da ONU. Nós precisamos de quatro andares, pelo menos.

Sediar essa estrutura é uma coisa importante…

Sim. Mas isso ainda está embrionário. Primeiro, perguntamos ao governo se ele quer. Esse é um assunto do Itamaraty. Fomos ao chanceler Mauro Vieira. Fomos ao MGI pedir um prédio que esteja pronto, que esteja em ordem. E aí, juntamos isso, vamos fazer um pacote de proposta. Nós temos uma proposta que vai ser entregue lá.

Outros países também vão se candidatar, ou o Brasil vai ser o único?

Outros países também vão se habilitar. A ONU vai descentralizar as operações por conta desse fluxo de capital que não tem mais. E isso valorizará muito mais a China, que tem a mesma contribuição americana, por coincidência, na ONU. E, agora, a China vai ocupar mais espaço, como no mundo inteiro. Em outras coisas também.

Isso pode abrir espaço para aquela agenda dos governos anteriores do Lula, que eles ainda agora voltaram na reunião do Brics, de ampliar a presença da reforma do Conselho de Segurança?

Toda ação tem uma reação. A ação das relações norte-americanas com o mundo, da forma como está sendo feita, sem nenhum tipo de organização, nenhum tipo de base legal, base moral, base ética… As relações com o Brasil e os Estados Unidos remontam a séculos, e, de uma hora para outra, eles querem taxar, abrir uma guerra comercial com o Brasil, a despeito de que valores? A balança comercial é favorável. Já temos um acúmulo de Us$ 420 bilhões, se somarmos todos esses anos, a menos na nossa balança comercial.

E essa interferência de Trump no Supremo Tribunal Federal (STF)?

A respeito de interferir no Supremo Tribunal Federal para uma anistia (do ex-presidente Jair Bolsonaro), isso é um absurdo. Eu me reuni com o ministro Carlos Fávaro (da Agricultura) para apresentar dois problemas sobre questões sanitárias e ele contou que, por exemplo, tem indústrias que vão fechar as portas. A indústria do pescado, por exemplo, vai cair 80%, e eles são os primeiros que anunciaram problemas. Mas o povo norte-americano também vai sentir o impacto, internamente (do tarifaço). Haverá uma inflação em bens que eles consomem. Por exemplo, 70% do suco de laranja consumido nos Estados Unidos é feito pelo Brasil. Quanto é que vai ficar esse suco para o próprio americano? O maior consumidor de hambúrguer do mundo é o americano. A carne do hambúrguer é brasileira. Fora as commodities brasileiras, que, historicamente, são muito fortes. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil.

Em meio a essa guerra do tarifaço, qual a sua avaliação de como o governo brasileiro está conduzindo essa questão? Houve muitos tropeços ?

Primeiro, foi intempestivo, como eu já disse. Foi um momento absolutamente anormal, se é que se pode dizer que é anormal alguma coisa que o Trump faça. Ele está no modo dele. Mas acho que foi uma coisa tresloucada, com outros objetivos. Mas o governo brasileiro está conduzindo bem, não pode dar a eles o direito de continuar escalando isso.

Mas a Lei da Reciprocidade seria uma armadilha?

A reciprocidade deverá vir depois de exaurirem todos os canais diplomáticos. Acho que o presidente acertou em colocar o vice-presidente Geraldo Alckmin no comando dessa operação de negociação, porque é uma pessoa super ponderada e bem equilibrada. Ele é uma pessoa muito, muito própria para esse fim. Vejo que o Brasil tem todas as condições de utilizar a Lei da Reciprocidade, mas não deve, repito, não deve utilizar antes de esgotarem todos os canais diplomáticos de negociação.

Por quê?

Porque tanto nós vamos sentir quanto a inflação americana nos produtos brasileiros vai aumentar. Logo, eles vão sentir também. Todos vão sentir.

Ninguém ganha nessa briga, né?

É. Eu passei um tempo fazendo estudos em Miami, onde 70% da população é latina. Estava na época da pré-eleitoral e, onde eu andava, era o povo votando em Trump. Os imigrantes votaram em Trump, porque ele vendeu a história de que só ia deportar os ilegais. Hoje, eles estão vivendo desesperadamente, tem imigrante que não sai de casa com medo da polícia bater a porta dele.

O senhor falou das auditorias externas, mas como estão as auditorias por aqui?

A gente entrou há poucos meses. Criamos uma estratégia em que o cidadão está em primeiro lugar. Para isso, para que a gente possa se valer dessa estratégia, possa colocar essa estratégia na prática, é preciso haver algumas mudanças dentro do próprio Tribunal e em como o Tribunal se comunica para fora. Temos que ser um órgão pedagógico. O TCU tem que tratar o gestor como um agente do Estado que está querendo fazer o seu melhor. A gente pode achar que o mau gestor pode contaminar todos os outros bons gestores, mas não podemos criminalizar o gestor. O mau gestor tem que ser punido, mas nós temos que ensinar o gestor antes de puni-lo. A primeira estratégia é o diálogo público. Nela, vamos aos estados, juntamos todos os prefeitos via órgão associativo, via associação dos municípios. O TCU vai ao encontro do representante do povo brasileiro, que é o prefeito, no caso, o governador.

O que mais?

O nosso portal é novo, vocês têm que acessá-lo. É um portal totalmente revigorado, modelado para uma linguagem simples, mais amigável e mais acessível. Eu falo com os meus auditores permanentemente, tenho um plano de valorização do servidor muito forte. Eu uso muito o contato pessoal. Os servidores abraçaram essa tese do Tribunal Cidadão. E estamos fazendo consultas públicas, criando um programa de voluntariado e treinando esse voluntário. Por exemplo, o governo federal tem um programa que tabulamos com a Educação de recuperação das creches, obras inacabadas. E, no nosso portal, abrimos o voluntariado para o cidadão acompanhar a obra, a creche, no seu município. Esse cidadão se inscreve para ser um auditor social, e nós o treinamos e ele vai nos mantendo informados sobre o andamento da obra inacabada.

Quantos auditores sociais vocês têm?

Já temos 700, para ter uma ideia. O Brasil, que não é um país de voluntariado, nós já temos 700 pessoas que querem fiscalizar, inclusive, pais de crianças que ainda vão nascer. Tem um deles que é pai de uma criança em gestação e ele disse assim: vou botar meu filho nessa classe que está inacabada, então, eu tenho que fiscalizar. Outro programa social é o consulta para a sociedade brasileira, que pergunta as cinco auditorias que o povo quer. A primeira delas é a Saúde. Estamos fazendo uma auditoria que tem um título — Avaliação do Tempo Médio nas Filas dos serviços de saúde. A segunda, eu nem imaginava que tinha isso, é sobre imóveis que estão abandonados. Estamos fazendo uma auditoria sobre as condições dos imóveis e vamos fazer um levantamento. A terceira foi segurança pública, que não é nossa coisa, mas para o idoso. Nós estamos fazendo uma outra auditoria, golpes digitais no idoso. E por aí vai.

E nesses golpes digitais tem a ver com o INSS também?

Não é INSS, mas por isso que apareceu. Mas, no ano que vem, vamos abrir outra consulta para mais cinco novas auditorias que o povo quer. Isso vai corresponder a 20% do nosso trabalho, e o povo vai decidir. E uma coisa leva a outra. Se a gente diminuir os erros das prefeituras, a gente aumenta a nossa carga de trabalho para auditorias como essa, essas consultas públicas. Esse Tribunal Social vai fazer a diferença, como outro grande trabalho que começou na gestão de Bruno Dantas, a Secex Consenso.

O que é a Secex Consenso?

Nós temos um grupo de estudiosos que recebem uma tarefa, chegar no consenso. Hoje, o consensualismo é o fim do direito administrativo. Todos os canais, no mundo inteiro, do Judiciário, estão levando para o consenso. Na área administrativa, o TCU está trazendo esse consenso por meio desta secretaria para agilizar os processos. A Secex Consenso recebe o problema, junta nessa mesa, Controladoria-Geral da União (CGU), Advocacia-Geral da União (AGU), por meio de seus procuradores, ministério competente, o ministério relativo ao problema, o ministério competente, e, do outro lado, a outra parte, com seus advogados. Aí, nós damos 90 dias de prazo para eles chegarem a um consenso, podendo ser acrescido em mais 30 dias, ou seja, no máximo, 120 dias. Se em 120 dias não se chegar a um consenso, o processo é arquivado e a briga continua. Mas se em 120 dias chegarem a um consenso, todas as ações na justiça são arquivadas, todas as ações do TCU são arquivadas, e o modelo de concessão é outro, trazendo investimentos mais rápido. Já recebemos 40 pedidos de soluções consensuais. E desses 40 pedidos, temos uma admissibilidade, saber se o pedido está dentro das nossas regras. E nós já estamos com 50 pedidos de outros problemas.

Tem um caso mais recente?

A do Aeroporto de Brasília, por exemplo. Na segunda-feira passada, eu assinei a admissibilidade da Solicitação de Solução Consensual (SSC) relacionada ao contrato de concessão do Aeroporto de Brasília, administrado pela Inframerica. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o presidente da Inframerica, Jorge Arruda, estavam presentes. Nós resolvemos o problema do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A concessionária queria devolver a concessão, e esticamos o prazo. Investimentos estão sendo feitos depois da solução consensual. Agora, admitimos o processo do Aeroporto de Brasília. O grupo foi formado e ele vai começar a contar o tempo do reloginho dos 90 dias iniciais. O Aeroporto de Brasília, hoje, é o mais importante do país, no nosso entendimento. É muito bem avaliado, está entre os melhores da América Latina, mas está estrangulado. A concessionária, com os seus problemas, promete, se chegar a um consenso, investir rapidamente em situações como um terminal internacional. O atual é acanhado para o tamanho.

O senhor está otimista com o caso do Aeroporto de Brasília?

Eu tenho certeza de que vamos resolver o problema do Aeroporto de Brasília. Eu lamentei muito não termos resolvido o problema de Viracopos, em Campinas (SP). No último dia, deu água. Quer dizer, houve um empecilho, aí Viracopos voltou para a estaca zero, e vão relicitar.

Aqui o senhor acredita que vai resolver baseado em quê?

Nas conversas que tivemos, eu tive conversas com o governador Ibaneis, que está muito empenhado, tive conversas com o CEO da Inframerica, que está muito empenhado. Ele tem programas de expansão muito bons. Eu acredito muito que Brasília dê certo. O consenso muda a vida das pessoas. A gente quer exatamente destravar a economia para que as pessoas sintam no bolso, na qualidade de vida. O cidadão é o foco final. E temos outros projetos que estão acontecendo, como o da proposta do Terminal de Contêineres Tecon 10, que vai ser licitado. Isso vai atrair investimentos e dobrar a capacidade do Porto de Santos (SP) e se tornar um dos maiores portos do mundo. O processo de equalização desse leilão está aqui no TCU.

Mas é uma licitação ou é outra parte do porto?

É uma área nova que vai ser licitada, na margem direita do Porto de Santos. Chama-se Tecon 10, vamos fazer um painel de referência, onde o povo pode participar. E, então, sair com um projeto. Esses painéis de referência são importantes. Vamos fazer um painel do setor aéreo. Por que não dá certo a aviação no Brasil? E outro com as as Forças Armadas. E, assim, cada vez mais, estamos criando condições de o cidadão ver o nosso trabalho. Eu digo sempre, quando eu tiver um acordo nosso, com linguagem simplificada, sem os juridiquês, de que a mulher da rodoviária de Brasília possa entender, eu me dou por satisfeito.

Por quê?

Nós queremos, cada vez mais, dar a esse Tribunal essa relação próxima com o cidadão. Hoje, muitas vezes, um acordo nosso, até para jornalista, é difícil de ler, é difícil de interpretar. Então, nós estamos fazendo uma linguagem simplificada para que o cidadão tenha acesso.

Agora, ministro, falando um pouquinho de contas públicas, como é que está o monitoramento do Orçamento?

O Orçamento do ano passado foi aprovado. As contas públicas, na Constituição, é o nosso trabalho mais solene, é o nosso trabalho mais importante. Nós fazemos uma análise, a cada bimestre. De janeiro e fevereiro, aí, em março, o tribunal julga esse bimestre. No ano, são seis bimestres. Nós acompanhamos a conta pública, do começo ao fim, até o dia 31 de dezembro de cada ano.

Mas neste ano, o primeiro relatório bimestral saiu só em maio…

Exatamente, houve problemas de informações, mas isso é o que nós fazemos. Aí, o relatório do segundo bimestre saiu perto do primeiro, porque tem que sair. Eu fui o relator do Orçamento de 2023, primeiro ano da gestão atual. E levantei um assunto, respondendo ao que você pergunta das contas de governo, eu acho que o grande problema das contas de governo é que o Brasil perdeu a mão nas renúncias fiscais e nos subsídios. Eu vou explicar para vocês o porquê.

O ministro Fernando Haddad fala em R$ 800 bilhões…

Eu tenho informações mais novas do que ele. Eu levantei essa questão em 2023 e fui até o presidente (Lula) e disse que, com a soma dessa relação de renúncia fiscal, a conta não vai fechar. Aí o governo fica fazendo todo tipo de ginástica, malabarismo, para arrumar R$ 4 bilhões-R$ 10 bilhões. Estou falando de números que, em 2024, somaram R$ 600 bilhões. E, em 2025, será perto de R$ 900 bilhões em renúncias fiscais e benefícios tributários. São renúncias como a desoneração da folha para 17 setores da economia que eu destaquei no relatório relativo às contas de 2023. É preciso fazer um corte linear com toda a sociedade de 10% e haveria uma economia que seria, hoje, de R$ 90 bilhões.

Seria mais do que a receita prevista com o aumento do IOF…

Estou falando de R$ 90 bilhões. É preciso enfrentar essa questão da renúncia fiscal com coragem e com o Congresso junto, porque, muitas vezes, o projeto de renúncia sai de um jeito e volta do outro, do Congresso. Essa renúncia acaba sendo eterna. Tem setores da economia que só vivem com essa renúncia tributária. E eu fiz um trabalho na minha relatoria sobre a tomada de contas de 2023, e mostrei que a renúncia fiscal, os benefícios tributários, não tem a mesma reciprocidade econômica ou social. E provei isso com vários, vários exemplos. E o mais gritante foi o setor automotivo.

Mas o setor automotivo é o que mais recebe subsídios?

É um dos que mais recebe. Tem a Zona Franca de Manaus, o Simples, que é o que mais recebe subsídios, e outros.

E as emendas parlamentares?

Estamos trabalhando com as emendas em parceria com o Supremo. Estamos acompanhando o relator da matéria, o ministro Flávio Dino, tecnicamente. Essas emendas estão sendo analisadas pelo Supremo.

Voltando a falar dos subsídios, em 2016-2017, na época da aprovação do teto de gastos, a conta de subsídios estava em torno de R$ 400 bilhões e o senhor, agora, fala em
R$ R$ 900 bilhões, mais do que o dobro em menos de 10 anos. Esse é o principal problema que o governo e o Congresso precisam enfrentar?

Eu acho. Eu venho dizendo isso desde 2023. Nada é mais urgente do que um esforço comum do governo, do Congresso, para acabar com esses privilégios. Eu tenho dito isso há algum tempo. E coloquei isso no relatório do Orçamento de 2023.

E tem a questão da Previdência, que vai precisar de uma nova reforma…

Pois é, a Previdência quebra as fontes do equilíbrio fiscal. Tanto que, se não houver uma ação coordenada e gestos do Congresso para viabilizar mudanças estruturais na Previdência, vai chegar um momento em que nós não vamos ter dinheiro para pagar a Previdência. Hoje, a base etária da pirâmide inverteu. Aqui no TCU, quando cheguei há 10 anos, eram 5,7 contribuintes para um beneficiário. Hoje é 1,7 para um. Isso, somado à longevidade da população brasileira, somado às discussões que nunca foram travadas, por exemplo, com relação à proteção social aos militares. O Brasil tem que decidir se o militar tem uma proteção especial ou não.

O militar aposentado custa caro se comparado ao civil….

Sim. Ele custa, está prontidão 24 horas, e tem obrigações que o servidor normal não tem. Mas não tinha que estar na Previdência. E essa é uma decisão política do Estado brasileiro. O militar, por suas funções especiais, é ou não um servidor especial? E tem a Constituição Federal, que permitiu a aposentadoria de milhares de agricultores. Aquilo nunca podia estar na Previdência, porque era assistência social. Eles foram aposentados sem ter contribuído com um único real. Agora, vou dizer uma coisa a vocês. O rombo da Previdência Social está em R$ 461 bilhões, e é menos do que a renúncia fiscal, de R$ 900 bilhões. Por isso eu digo que esse é o maior problema do Brasil.

E essa nova PEC dos precatórios, a PEC 66, foi aprovada pela Câmara e em primeiro turno pelo Senado. Qual sua avaliação sobre ela? É mais uma bomba fiscal?

A imprensa sabe mais do que nós. Eu não tenho o que falar porque eu não fui instado a isso. Ainda não. O TCU precisa ser provocado para se pronunciar. E aí, como eu não fui provocado, eu não quero emitir nenhum juízo de valor, até porque eu não participei das tratativas dessa PEC. O Congresso e o Poder Executivo têm passado por muitas idas e vindas e, assim. Nessa questão do IOF, há uma análise jurídica que tentou se harmonizar, mas não adiantou. Será preciso um entendimento entre as duas partes.

Qual a sua avaliação dessa briga entre o Executivo e o Congresso?

Eu acho que, abstraindo os direitos que o Congresso tem, que são consagrados na Constituição, mas, à primeira vista, existem competências que são exclusivas do Executivo. Mas, como nós não estamos participando desse processo, eu não sei também quais são os argumentos de defesa por parte do Congresso, por decreto legislativo. É preciso lembrar que o IOF é um imposto regulador.

E sobre supersalários. O senhor acompanha essa situação?

Eu acho que a reforma administrativa deve acabar com isso. Uma das coisas que a reforma administrativa deve atacar são o que se chama super salários ou penduricalhos, que são “legais”, mas que não correspondem com a vontade equitativa do povo brasileiro. Eu entendo que nós pagamos mal, também, ao servidor público, de uma forma geral. Nós pagamos mal também. E aí colocamos gatilhos para flexibilizar essas receitas com situações que espero que a reforma administrativa acabe.

E essa reforma sai?

Vai sair. Eu estive conversando com o relator, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), a respeito da parte que interessa a gente, o Tribunal. Ele está muito animado. Há um sentimento no Congresso que vai sair. Eu tenho estado muito no Congresso. Eu tenho sentido isso quando as minhas visitas ao Congresso. Eu estou sempre visitando as comissões.

Ministro, em relação ao concurso do TCU, alguma novidade?

Nós recrutamos os servidores do concurso passado, foram aprovados 58 novos auditores. E vamos abrir um concurso para técnicos, nível técnico para apoio. E, no próximo ano, vamos abrir um concurso para mais 100 vagas. Isso está no nosso programa. E já está autorizado pelo governo federal. Está dentro do nosso escopo, dentro do nosso arcabouço. E, cada vez mais, nós estamos ampliando a tecnologia para fazer economizar no homem.

E quanto vocês investem em tecnologia?

São R$ 150 milhões ao ano. Nós temos aqui seis robôs, seis robôs supercomputadores, que decifram qualquer ato administrativo no Brasil, em qualquer cidade brasileira. Se ela lançar um edital, o nosso sistema capta, e, se ele estiver errado, ele já sai automaticamente e já é enviado à prefeitura. E, por coincidência, todos eles são com nomes de mulheres: Alice, Adele, o mais novo é Mari. Alice, análise de licitação e edital; Adele, análise de dispensa e inexigibilidade de licitação eletrônica; Sofia, sistema de orientação sobre os fatos e indícios para o auditor, Mônica, monitoramento integrado de controle de aquisições; Ágata, aplicação geradora de análise de textos com aprendizado, Karina, analisador de registros da imprensa nacional. E Marina, mapa de risco de aquisições. E agora nasceu Maria.

E já com Inteligência Artificial?

Sim. E nós somos o único órgão no Brasil que desenvolveu o próprio chat, o Chat TCU. O código-fonte está sendo disponibilizado já para 123 entidades, desde municípios, no Brasil, e até 10 nações, como Panamá e Chipre, que compartilham o código-fonte. Todos os tribunais de contas dos estados receberam esse código.

Em relação aos comentários dos superpoderes paraibanos na República. O senhor concorda? Tem presidente em tudo quanto é lugar…

Espero que não tenha a mesma fama da República de Alagoas. É uma responsabilidade muito grande. Os fatos levaram à ocupação de espaços conterrâneos em órgãos importantes do país, no Tribunal, no Senado, com o Veneziano do Rêgo (MDB-PB), agora, com o Hugo Motta (Republicanos-PB) na presidência da Câmara. E tem no Banco do Brasil, no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), na Caixa Econômica Federal… Vejo como uma oportunidade de a Paraíba mostrar o seu valor, por meio desses nomes que estão ocupando o espaço privilegiado nesses setores. Eu encaro como uma oportunidade de ouro para que o paraibano possa se orgulhar do trabalho que nós estamos podendo fazer. 

Por Correio Braziliense

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