Pesquisadores da Universidade de Durham, no Reino Unido, desenvolveram um método inovador para identificar galáxias satélites extremamente fracas e, até hoje, invisíveis. A comunidade científica já havia confirmado a existência de 60 galáxias fantasmas, mas agora os cientistas sugerem que há de 80 a 100 delas orbitando a Via Láctea.
O estudo foi apresentado no última semana no Encontro Nacional de Astronomia 2025, promovido pela Universidade de Durham. De acordo com a observação, ao se aproximarem da Via Láctea, a intensa gravidade arrancou as camadas externas das galáxias distantes, tornando-as sem brilho, pequenas e com poucas estrelas. Por isso, elas são chamadas de galáxias órfãs.
“Sabemos que a Via Láctea tem cerca de 60 galáxias satélites companheiras confirmadas, mas achamos que deve haver dezenas dessas galáxias fracas orbitando a distâncias próximas”, afirma a autora principal do estudo, Isabel Santos-Santos, em comunicado.
A descoberta reforça o modelo padrão da cosmologia chamado Lambda Cold Dark Matter (LCDM) – teoria mais aceita para descrever o universo em larga escala –, já que as galáxias órfãs estão dentro da quantidade que o modelo prevê.
De acordo com a teoria, apenas 5% do universo é composto por matéria comum, como planetas e estrelas. 25% é feito de matéria escura fria, invisível e misteriosa. Já os 70% restantes são energia escura, uma força que acelera a expansão do universo.
Presentes na Via Láctea
Utilizando supercomputadores e modelos matemáticos de última geração, os pesquisadores identificaram que as galáxias fantasmas orbitam a Via Láctea há bilhões de anos, sendo que muitos dos pequenos halos – regiões que envolvem a galáxia – perderam matéria e brilho ao longo do tempo. Mesmo estando quase invisíveis, eles ainda estão presentes na órbita da Via Láctea.

Mesmo quase imperceptíveis, equipamentos modernos do recém-inaugurado Observatório Vera C. Rubin devem permitir a detecção dessas galáxias em um futuro próximo. Ele está localizado no Chile.
Atualmente, foram descobertos 30 candidatos a galáxias órfãs, mas os cientistas ainda discutem se não se tratam de galáxias anãs ou aglomerados globulares.
“Se a população de satélites muito fracos que estamos prevendo for descoberta com novos dados, será um sucesso notável da teoria LCDM de formação de galáxias”, destaca o coautor do estudo Carlos Frenk.
Por: Metrópoles