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Brasil: epicentro da tokenização na América Latina

Brasil: epicentro da tokenização na América Latina

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A Circle, conhecida por criar e gerenciar a USD Coin (USDC), uma stablecoin atrelada ao dólar, está impulsionando as remessas B2B com USDC e HiFi Bridge entre os EUA, Brasil e Hong Kong.

A Circle, empresa responsável pela stablecoin USDC, anunciou recentemente um acordo estratégico com a HiFi Bridge para facilitar o envio de remessas corporativas entre os Estados Unidos, Brasil e Hong Kong.

Essa colaboração marca a integração oficial da HiFi Bridge na Circle Payments Network (CPN), um passo essencial para ampliar o alcance do USDC no segmento de negócios entre empresas (B2B).

A HiFi Bridge se apresenta como uma solução API projetada para otimizar os fluxos de pagamento corporativos, simplificando transferências internacionais e fortalecendo a transparência e eficiência proporcionadas pela tecnologia blockchain.

A aliança entre Circle e HiFi chega em um momento em que as transações B2B ultrapassaram 905 bilhões de dólares em 2024, de acordo com dados da The Business Research Company.

Somente dos Estados Unidos para a América Latina, foram movimentados cerca de 160 bilhões de dólares nesse tipo de operação no mesmo ano, consolidando a região como destino-chave para remessas corporativas.

Um mercado em expansão e a aposta na blockchain

O Brasil, em particular, reforça seu papel nesse ecossistema. Dados do Banco Central e do Trading Economics revelam que o país recebeu 330 milhões de dólares em remessas apenas em maio de 2025.

O interesse da Circle no mercado brasileiro ficou evidente em junho, quando a Coinbase anunciou uma integração do USDC com a fintech local Matera, por meio da plataforma Digital Twin e do sistema de pagamentos instantâneos PIX. A Matera se tornou assim um dos primeiros players na América Latina a oferecer essa integração de forma nativa.

A Visa também tem direcionado esforços para este segmento com o Kob Visa, desenvolvido em parceria com a startup Kobold. A empresa afirma que o volume de operações cresceu 30 vezes em um ano.

Segundo estimativas da Visa, o mercado global de pagamentos B2B representa uma oportunidade de cerca de 85 trilhões de dólares, e cerca de 70% dos remetentes já preferem usar canais digitais para suas transações.

O uso da blockchain nesse contexto permite reduzir custos operacionais, melhorar a rastreabilidade e minimizar a dependência de intermediários. Dados internos do Kob Visa sugerem que entre 20% e 30% das receitas de seus clientes, que superam 66 bilhões de reais, poderiam ser movimentados por soluções baseadas em blockchain, reforçando o potencial de crescimento dessa tecnologia.

Além de sua participação na expansão do USDC, o Brasil avança firmemente no desenvolvimento da tokenização. A Caixa Econômica Federal, em colaboração com a Elo, está concluindo a segunda fase do piloto do Drex, a moeda digital do Banco Central brasileiro.

Nesta etapa experimental, foram realizadas simulações de compra e venda de imóveis em um ambiente totalmente digital. A operação permitiu à Caixa refinanciar um ativo já financiado por outra instituição, quitar a dívida anterior e transferir a propriedade, tudo registrado na rede Drex.

Para o Banco Central, a tokenização representa uma ferramenta capaz de eliminar processos burocráticos, agilizar transações e aumentar a segurança com registros imutáveis.

Um consultor da área de regulação financeira do BC afirmou que essa tecnologia abre caminho para “combinações inéditas entre ativos financeiros”, criando uma ponte cada vez mais sólida entre o mundo físico e o digital.

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