Apesar da redução no número de homicídios, a violência contra a população negra no Acre continua revelando um cenário de desigualdade racial preocupante. De acordo com o Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado apresentou queda nas mortes violentas de pessoas negras nos últimos dez anos, mas os indicadores mostram que os negros seguem sendo os mais vulneráveis.
Em 2023, o Acre registrou 190 homicídios de pessoas negras (pretas e pardas), uma redução de 5,5% em relação ao ano anterior e de 2,1% na comparação com 2013. Embora esse dado represente uma melhora, a taxa de homicídios entre negros no estado ainda foi de 26,1 por 100 mil habitantes, quase o dobro da registrada entre não negros, que ficou em 13,4 por 100 mil.
Ou seja, uma pessoa negra no Acre tem 1,9 vez mais chance de ser vítima de homicídio do que uma não negra — um índice menor que a média nacional, que é de 2,7, mas ainda suficientemente alto para evidenciar a permanência de desigualdades raciais profundas.
O levantamento também mostra que, ao longo da última década, a redução de homicídios entre não negros no Acre foi de 47,9%, enquanto entre negros foi de apenas 2,1%. Isso indica que, mesmo com políticas de segurança pública que surtiram efeito geral, a população negra ainda não sente plenamente os impactos positivos dessas medidas.
No contexto da Região Norte, o Acre obteve a 3ª maior redução nos homicídios de negros entre 2013 e 2023, com queda de 17,4%, ficando atrás apenas de Roraima (-50,6%) e Pará (-46,2%).
Ainda assim, quando comparado a outros estados do país, o Acre ocupa uma posição intermediária. Em 2023, seis estados apresentaram taxas de homicídio de negros inferiores à do Acre: São Paulo (7,9), Santa Catarina (11,2), Distrito Federal (13,7), Minas Gerais (16,1), Rio Grande do Sul (18,7) e Paraná (21,0).