Um novo visitante das profundezas do espaço está cruzando nosso Sistema Solar. Descoberto em 1º de julho, ele não se comporta como um simples asteroide ou cometa. Batizado de 3I/ATLAS, o objeto interestelar tem uma trajetória e características tão peculiares que uma equipe de pesquisadores, incluindo o renomado físico Abraham Loeb, da Universidade de Harvard, levantou uma hipótese audaciosa em novo estudo: e se estivermos testemunhando a chegada de uma sonda alienígena?
O trabalho O objeto interestelar 3I/ATLAS é tecnologia alienígena? analisa a possibilidade de o objeto ser um artefato tecnológico com inteligência ativa. Embora os autores, Adam Hibberd, Adam Crowl e Loeb, ressaltem que o estudo é um “exercício pedagógico” e que a explicação mais provável seja natural, eles listam uma série de evidências que, juntas, pintam um quadro no mínimo suspeito.
A série de coincidências cósmicas
O estudo parte da seguinte premissa: imagine um detetive analisando a cena de um crime. Uma única pista pode ser coincidência, mas várias delas apontando na mesma direção levantam suspeitas. É exatamente o que acontece com o 3I/ATLAS.
- Órbita perfeita para espionagem: diferentemente da maioria dos objetos que cruzam nosso sistema em ângulos aleatórios, o 3I/ATLAS viaja em uma órbita quase plana, alinhada com os planetas. E mais: ele se move na direção contrária (retrógrada). Essa trajetória é ideal para uma sonda que deseja observar e mapear um sistema planetário. A chance de um alinhamento como esse ocorrer naturalmente é de apenas 0,2%.
- Tamanho anômalo: se for um asteroide rochoso comum, o 3I/ATLAS teria cerca de 20km de diâmetro. Objetos interestelares desse porte são considerados extremamente raros, muito mais do que “viajantes” menores como o famoso Oumuamua (que era duas ordens de magnitude menor). . Sua aparição, segundo os cálculos, seria um evento de baixíssima probabilidade.
- Sem fumaça de cometa: geralmente, objetos gelados que se aproximam do Sol liberam gás e poeira, criando uma cauda característica de cometa. O 3I/ATLAS, no entanto, não apresenta essa desgaseificação, apesar da trajetória. Isso torna difícil explicar qualquer aceleração “não natural” que ele venha a apresentar.
- Aproximações planetárias suspeitas: a trajetória do objeto o levará para perto de Vênus, Marte e Júpiter. A probabilidade de um único objeto ter esses três sobrevoos tão próximos em sua rota é baixíssima: menor que 0,005%. Essa rota é perfeita para quem quisesse lançar sondas menores para explorar múltiplos planetas com o mínimo de energia, dizem os cientistas.
- A manobra final: um eclipse estratégico: o ponto mais intrigante está por vir. Em 29 de outubro, quando o 3I/ATLAS fizer sua aproximação máxima do Sol (periélio), ele estará perfeitamente escondido atrás da Terra do nosso ponto de vista. A chance disso acontecer é de apenas 7%.
Os cientistas levantam a possibilidade de uma intenção “maligna”, baseada na teoria da “Floresta Escura”, uma solução para o Paradoxo de Fermi (que questiona por que nunca encontramos alienígenas). Nessa teoria, o Universo seria como uma floresta escura cheia de caçadores. Ninguém faz barulho para não atrair predadores. Uma civilização avançada poderia enviar uma sonda para chegar de surpresa, sem ser detectada até o último momento.
Por: Correio Braziliense